segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

4 ou n

Creio ter com o desconhecido uma paixão em comum: acaso... Volto depois de dias sem funil. Era dique. E continuo pelo que às vezes racha. Tenha paciência. Já disse: experimentaremos o espaço. Deixarei que você toque o que há atrás do pensamento. Cheire o espaço no lento. Todas as metáforas que pularem de nada terão de imagético. É vivido e pensado: assim. Deixo fluir o que outrora foi pensado para ser memória. Acabou a luz. E isso não é metáfora de trevas líricas. Escrevo, faz calor. Acabou a energia. Vou acender um sândalo. Careço de concentração para a naturalidade. Nós não merecemos todos os nossos inventos. Há dias queria te contar uma brincadeira que fiz com aranhas. Já se deixou ser hipnotizado por grande teia? Por grande teia que refletia o sol? A cada movimento de sim e não que eu fazia era um lampejo, um constructo de lampejos. A arquitetura para presas que também brilhava E brilhavam também os olhos da aranha. Acho que eram verdes e orgulhosos. Olho meus quadros de cabeça pra baixo. Ester limpou e colocou-os cuidadosamente de cabeça para baixo. Como a aranha, tenho também olhos orgulhosos. Penso no despertar de um senso estético, mas isso é bobagem. O contente é pensar que se me atraísse o figurativo, a mimética inválida, pintaria árvores ou rostos que dificilmente acabariam de cabeça para baixo depois de uma limpeza feita por mãos que conhecem a vida mais que os critérios plásticos. Gosto de coisas plantadoras de bananeiras. O avesso, a cabeça e o para baixo. Vale mais o para cima e para baixo nada revelador. Tenha paciência. Não iremos a lugar algum. Ainda não me arrebatam as histórias. Não me brilham as ficções. Sinto o vôo de asas. Mas por enquanto isso é fisioterapia de penas. Talvez te dê o quisto. Por enquanto, só eu como. Ponho uma linda mesa e arranjos brancos; a vista é para o presente. Não sou um contador de causos, me interessam outras mentiras. Preciso parar e não quero. Aflige saber que preciso sair e palavras podem cair pela rua. Ou se pendurar em semáforos feito acrobatas hipnotizados por um verde luz de permissão. Escrevo com pressa. Desliguei o chuveiro mais cedo para te escrever. E tudo isso de nada adiantará a não ser para exercitar minha falta de finalidade. Fim? Há. Não se perder na manada. Eu que matilho. Conversarei agora com uma pessoa que pago para me ouvir. Um aluguel de ouvidos onde minha sanidade é fiadora. Você me ouve: sem ser pago. E acrescento mais ainda ao meu egoísmo e leviandade: sonho todo dia quando pagarás para ouvir minha voz. Que é tua, espelho d’ água! Lago torto! Entre o amor e o reino, sempre o reino. E amo outro mundo. De você também me desfazeria por tis! Acidez me chega na boca com frescor. Não sei porquê. Ando com tanta tara por limões que outro dia no palco disse que era ovo. Não rabisco aqui insanidades... O it traz do cotidiano o fantástico. Aranhas piscam, limão vira ovo, pitayas anúncios proféticos... E morreram as metáforas: o impacto que à toa treme. Chupo do dito pós- moderno a reificação do presente. Mas recuso os fragmentos por ser trans. Ou alguém já viu um fragmento de fluxo titubeando por aí?

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