domingo, 28 de agosto de 2011

Hieroema

corpo vazio.


o sangue
preto
do mangue
escorria
adentrando
alevinos
gorgônias
maias .
dizia a avó
depois do noticiário:
é só diabrura.
disse também que de gente feia
era o que mais tinha dó.


na proto alquimia
garimpo
de
linguagem
caem da lôgo-batéia
pequeninas pedras
para afetos
depois de ouvidos
registrados:




gorgônias
alevinos
maias
hibernáculo
inocente
nócuo i
nocivo
crueldade
fucsina
coruja
cor uscante
reluz ente
olhos





funestos
hierofantes
lu éticos
humanocômios
sulfurosos




ou seriam runas?
de um povo
que sou eu e você
e outro
também do outro
lado
para onde partiram naus
de loucos, gagos, afônicos em remos
comandados
à uma lodosa ilha
garimpo de palavras
cinzas
quase prontas para de um vagabundo
metal
pela já não culposa
desrazão
alquímica ser
o que deve
devir ao ouro
negro
ser poesia ?

Flamel ---------- poeta
alquímico --- --- - - Drummond
numa regra de 3
qual dos 4
sumiria em X
para que repousasse nossa garganta
dormissem nossos dedos
- fantoches de gestos que são-
e dançasse nosso corpo
a poesia toda
apócrifa
do não-dito?





( nos amaríamos todos
acaso dançássemos
i-nocente-mente
nossos particulares
hieróglifos ? )







quisera eu escrever um cheiro que dança.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Inventário da memória-estalinho


Obaluaê até então

favorito

até o portão

de qual morro?



essa minha memória-estalinho

de chão cru

marrom

junino

ceiávamos cocadas

em altas igrejas

onde podíamos rolar as escadas

sem nenhum queixo quebrar

ou rir

noite a dentro

criando personagens

para todas as nossas surpresas

terem cabeça

mão

e

murchos

de tanto banho de banheira.

.


nosso canto limpava as retinas

a aceitar a feia Guanabara

paisagem-poema


.

seu retrato pintado de mim

jaz

z na pedra

e estrelas

muitas estrelas

porquanto juntos

tínhamos braços longos

inéditas músicas

beijos em construções

subida ancestral Favela

nossos vermelhos barracos

íntimos, pulsantes

tinham vista para o mar

e à presidente Vargas

dávamos de ombros

que de alguma forma aquele rosto

molhado na caixa d’agua

em pingos

empoçou uma expressão de êxtase

que tempo algum seca.


um dia

nossos netos hão de se questionar

profundamente

como

em literais ondas

fracas

quase

a

f

o

g

a

m

os no seco

e depois de contada a história

só um de nós irá rir

porque o conto diminuído ponto

do vivido

perde demasiado

graça

e morre .


o poema chega

e já vamos.

quando a morte

fantasiada

chegar

toda

via

vacilantes

caiamos

sem quedar

sinalizemos

de longe

um na proa

um na popa

qual vento de vida

porque se esse poema já chega

assim

é que algo soprou.

e já vamos,

já vamos.


.(caiando).

um branco mangue

berço de outra coisa

para além-nós

reticentiados.


sábado, 13 de agosto de 2011

Cabeceira

conhecer a metritude
aumenta o medo de abismar
e não são a maioria dos abismos
sem vertigem
covas rasas apenas?
lê.
a placa que for
mesmo sem entender o mapa
de todo pouco e diverso
tudo quanto sabe
pouco o instinto se eriça.
Epicurioso
e seus gatos de uma pedra limosa cantarolavam:
pior não são as traças
devoradoras das páginas que se acumulam
nas alfarrabonóias do saber
mas os furos no instinto
de quem guardou a alma
na cabeceira,
dormem lendo.
e não sonham.
miau
miau.
...
?
-miau-

flor do amargo boldo
roxa de cair
em cova rasa
estilhaçadores de bússolas
os que matam a intuição.
ou por prazer espremem
joaninhas.
no final, dizia Epicurioso,
dá no mesmo.

Bole-bole

Qual o tempo no corpo?

Qual o tempo do corpo?

Até jogarem uma bomba

atômica

no Aqüífero Guarani?

E fazer chover

gota de terra molhada,

tétricos pingos criptônicos?

Aí quanto de tempo no corpo?

Ou o quanto de seu corpo no tempo é o que duramente dura?

Até os biopiratas, falidos, levarem corpos cari-ocas

e mapearem genomas da gênese procrástica

do afamado jeitinho brasileiro?


“Você passaaaa dissipaaada

na fumaça do teu orgulhoooo...”

canta presa o samba

uma animada e já sem roda

velha ararinha azul

num bole-bole sem fim

enquanto isso...

nos palácios da injustiça

já descolorem-se alvoradas

e alguém perifericamente longe

grita gol

com muito

eco.


Poema anti-alfarrabonóico

O existir
anti-alfarrabonóia


prazer

----------------------------entrevivido----------

dor



o gozo dos sentidos
ou
o prazer anímico ?


“tudo junto” - dizia o dono do banquete
“separado” – pedia quem pagava a conta.


o gozo dos sentidos
ou
o prazer anímico ?

“Alquímico!” – dizia quem estava muito ocupado
em viver para comer
alguma coisa
de só dor.

co(r)po

O corpo
zoológico em guerra
do micro
protobactofungo
dessa doença-de-mundo
mundosmose
e de luas
em lues
já dizia o senhor Wiki :
“As espiroquetas são bactérias em forma de saca-rolhas”.
atentamente
fingimos
ouvir.

uma taça a mais
e avinagramos por dentro.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

axi-cio

ataraxia?
a tara
que cia
o axial
poema
walyráxico
cia?
só.
cio?
masturbo
sinapses
:
escrevo.
cia?
não

sem cia
cio.
axi la(´)?
também com cheiro
cio
sem
ser só

as cias ciam
as deles ciam
o cio
e
só.

matildino insulano

falam dentes
sem despenco
num sorriso
neto de puta
paraguaia
boiando
profilático
obalueices
beges palhas
titube-canoas
encalhadas no asfalto
vista de horizontais sóis
na ilha que governa a dor.

ilhas de palhas que bóiam
acasuísticas canoas
banana anal
banca rios
money róooo
cá cuia
gal-leão
gel que há
tal
a
freguesia
guará
boom
do cocô que está
a duzentos
metros
dos jardins
da guanabara.

e boio na merda feliz
temendo terremotos
que espirram lodo
na cara do neto de puta
que vos fala

rrrouca

ah, Billie
você
do espancamento
à cara limpa
e força para
dizer
que dói mais o hematoma
do que
o soco

porgy outonal
em Nova Iorque
é o dinonísio trágico
do lundu negro
virado
afirmação
divina
o grilo
esperança
-só que é-
deveria
por um além bem alhures
por um além mal abrolhos
ofertar
à rouca cigarra
o espaço seu

exaustão
gravalta
baixoca
altura
do
seu
safado
som
partitura-luz
de quem carrega
velhos vagalumes na garganta
se garras dos anos a ferí-la
sem contudo deslustrar
teu corpo ossudo de madeira negra
quem há de contestar seu feminil servil
diante de tamanha cara-de-pau?

decanto morto

E Cândido se perguntava
como retirar o que em pedra
já era ferida-ranhura
deu-se conta
por dez colares vendidos
e um cocar
coroa de penas
rabiscos já
esfero
gráficos
rasura
num renascido coração paleolítico
armado
por um medo de abismos que eram degraus.

de cima dessa escada
babada de saliva
escorrega meu silêncio
pra ti agora eterno
porque quem vai
vai
sem abanar mãos
sem deixar que se levem os dedos
instrumento do gestual
mão-palco de fantoches
mudo cinema de panos
e se na sua cabeça grossa
ainda alguma mora
imagem ou cheiro eufórico
meu que seja
que tudo se queime.

visto meu dedo de Alfredo
queima paradisos, cobras,
cruzo espelhos desguardando luz
se para o vidro
minha alma já é demais porosa
reflito-eu
convirjo raios
cuidadosamente em um só ponto
queimam-se os filmes
aodorados combustos
porque o subido em nuvem
orgonolépticos mofos
era o que de ti ainda havia
morto corpo pregado
decantado
do fundo do pouco
achado capaz de mim.


Agachado dentro de uma raiz
arbórea dizia Cândido sobre bruxas:
é que pra mim ela é quase um amor fatal
em vez de pedra num anel de noivado, um escorpião
pequenino cristalizado
cauda dentada :
escorpião-âmbar.