segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

XXIII

CONVÍVIO DE DOIS
ORA POIS
ANZOL
LINHA
DO CAIS NADA DE PORTO
NAU
VAPOR
BARULHO
NADA NEM DE CAIS
NADA
ALÉM DE UMA RAMPA PARA O MAR
DE CONCRETO BARATO
E POBRES PESCADORES DE PNEUS E BOTAS
COMPANHEIROS DE URUBUS
URUBUS-REI
URUBU-PLEBE
NA MARÉ FORÇADA DOS JUROS
CRÉDITOS
CRÉDULOS
ALEGRIA-CARNÊ
MINHA CASA,
TUA VIDA
E CADÊ A BOLSA-MENTALIDADE-FALIDA?

Oração a Dionísio

Dionísio nosso enfeitado de fel
Petrificados sejam os de bom gosto
Vamos nós até seu reino
Gozemos nus as nossas vontades
Lambuzados de terra e bebendo o céu
Porque o pão nosso de cada dia nos dá fome
O laço farpado das pretensas ofensas
Assim como sorrimos doce matando inimigos
Livramo-nos de toda castração
Regozijando sempre o sentido das mortes
Aquém.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

XX

passei a lingua nos minutos
e perdi
lua cheíssima. uma pequena estrela.

fazendo companhia
nada mexe. nada pia.
e não há mar,  se houvesse...
ah, se houvesse...
aquele você de novo para agora eu
outro
bicho-homem com bicho-homem
gauche-selvagem!
viajante sulista!
saudade da mentira que criei
lancinante falta dessa esperança forjada em ferro preto e marisco
teu casco
tua vela
aquele lugar-nenhum dos nossos dias de chuva e glória
agora cadê? cadê aqueles deuses de mãos estendidas
e o cheiro de incenso
na tua amarga carne magra
exalando despudor e febre
espelho fosco esse teu binóculo, Narciso pobre!
essa cara de fome que não te larga!
encha meu copo
com essa tua lucidez infame
só me ajuda, gauche, a levantar essa âncora e partir.
com ou sem você.
mas partir.
ouço a luz dos continentes!
na renúncia de ser o teu senhor
algum caco refletiu o pouco brilho dos enganos!
quando o pior de mim virou a eterna justificativo do teu melhor!
mas já faz tanto tempo
que receio o caráter vão
disso que nada  tem de tua lembraça
puta-cigana !
dançarina de salto
bicho-homem com bicho-homem!
ouço a luz dos continentes!
a rua dos inválidos continua alagando em novembro
a richuelo também, antigo  amor
mas já não há pernas suficiente
não há poças
nem Oxalá
nem cortejo na madrugada
insuportável antigo-amor
pule do alto de mim e se espatife fantasiado
triste bufão atordoado de cinismo e recalque
já não suportarias eu-farol!
mas teu barco
ah, teu barco
aporta no meu sonho e treva.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Ode ao teu desgosto

quem não gosta de diamante
nem prata
tem
porque desconhece
a cristalina
e pétrea alegria.

há ainda
oh se há
sempre um maldito
que cospe pérola
e come lixo.

joga o véu fétido
 embelezando carpideiras
que nem ressucitando
teriam alegria tamanha!

pra fazer valer tanta vida.

E come sua fome
em civilizado prato
porque se comesse de si
o lambuzo confuso seria
mais cianeto
menos fatal
do que qualquer culpa que troca
a vaidade pela auspiciosa coragem.

Esse cavalo de mouro  amor!
Pensando minha gente que era um deus!
Um qualquer deus!
E tão só era a mula fatal!
A mula acéfala fantasiosa dos roceiros!
O cavalo-demônio intrépido!
E sim.
Os indíos que esburacam meu coração pensaram
que tua palavra
era mais gesto
e não era!
sílaba juntada podre
cavalo sem crina
mula sem cabeça
era esse teu amor-deus anfitrião!

Ah, já basta de casco!
já basta o gosto ferruginoso de ferradura em  minha boca!
e minhas ventas!
e minha procura
e minha mula
que morreu de sede no falso verão
do teu pífio amor.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

IV

te vejo na esquina, poesia
a tua saia rasgada
tuas unhas pretas do pé
teus olhos boquiabertos
o olhar de dente
e as mordidas dos teus cílios

:

 esquina
o dorso nu
o colar velho de pérolas

:

te vejo na esquina, poesia!
tua cara muda de Maria recém-prenha
a perder teu Jesus pequeno
 teu andarilho de marés,
capitão de nuvens
e senhor das colinas.


já quebraste teu cajado, poeminha!
e a névoa do bosque
era só teu bafo amanhecido
de árvores podres e pedaços de lagos
que voam evaporados
ensopando o orvalho em pardo brilho.

já furaste o próprio olho, poesia!
embolada em agulha e novelo
de uma roupa nunca tamanha
pra tua nudez obscena.

os dragões vermelhos do mar!
a rejeição bem quista do outro!
o salvador da solidão!
o guarda noturno e a puta!
o cuspe de lava
a inconstância da terra
o tremor
o gás
o pó
a morte
e tu, poesia.

já te reconheço nas entranhas da terra!
no secreto do fogo!
e sei que és um mim outrado em chama
 escolha entre o calor e o invisível
porque timida
em vão
não te deixas ser vista.

a rua de buracos
teu salto grande
e o caminhar impecável
do teu feminil travesti bem dotado,
poesia!

e pode uma puta tímida?
aceita o tapa
e acorda a noite com teu grito
convence tua lucidez
da força que o gemido tem
depois do urro
e o silêncio orgástico !


Essa cara suja de sexo ruim
e corpo amanhecido em cama estranha!
Recomponha-te, poesia!

Ou perderás a hora de gozar de novo!
E NUNCA
NUNCA
é cedo ou tarde pra morrer!

Teu riso suicida inútil!
até quando?
até quando?
renunciarás a tua imortalidade vencida?
e ouve bem
ouve baixo
escuta a lingua negra
escorrer lânguida na sarjeta
o arrepio explosivo do rio
quando beija o mar já doce
porque da tua boca
mesmo salobra
só inspira vida, poesia!

E também sujo de lama te abraço forte
suporto a dor da procura repetida
quando  basta ser deus-poeta de novo
potência
um gesto
e já és benvinda.

Agora vá...
cata suas coisas...
Vá se lavar!
que você ainda é puta
 e amanhã tarde da noite
gozando ou não
é sempre seu dia.

terça-feira, 24 de abril de 2012

-

Nasçamos.
Póstumos rebentos a beber
água corrente dos meiOS fios.

sarjeta-placenta
início do mundo
amanhã!
início do mundo.
depois de amanhã.
início do mundo.
COACERVEMO-NOS!
início de mundo
sarjeta-placenta
início de mundo
que voe a terra!
início de mundo.
que estoure a água!
início de mundo.
que chore o fogo!
início de mundo.
que se enraize o vento!
início de mundo
amanhã
depois de amanhã
perto de um Big Bang dançarino qualquer
coacervemo-nos
dispostos
indiferenciados
na medula do infinito
arrebentados
contrapostos
às nossas multidões famintas de inédito.
-tremor e farto ruído-
pronto.
despronto.
mais um amanhã e outro início de mundo.
com duas pedras de gelo
seco
por favor.

Incêndio na moita

esbarro no amor de ontem
fantasiado de verde
na moita
na senda
se perde
parto:

fito.


aquilino
bettianamente aquilino
 por tanta falta de
já nao há
 espaço
para pontualidades.
 desde morteiro aceso
até fagulha
tosco
acaso
incenso de carne
incêndio descabelado
portas de vidro estraçalhadas
na fumaça
 de Santa Teresa.
- passa um demônio bem vestido-
e diz que fogo
é só um enxame de grito
e no mais as fumaças
ah! as fumaças!
tão só eram
nuvens dispostas a chorar.
- inundação! aviso! aviso!
e parece o demônio risonho
ter emprego por toda a vida.

Lições para criança barbuda:



1- Nunca brinque de pique-esconde em casa de espelhos.

2- O inesperado nem sempre é surpreendente.

3- Os vaidosos não gostam de surpresas, nem do presente. É no passado que se alimentam do aquém de si em eterna comparação.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

-

soluço
degrau
despedida
alçapão
madeira
jaula
vida
corrimão
peixe
nado
arrastão
reboque
pneu
roupa
rede
tralha
carcaça
sangue
instinto
atino:


MENINO-DE- BORDÉU!
pseudo cafa-sádico.

A pedra cor de tigre há
de emanar o urro
onde quer que tua fraqueza
pisoteie as folhas
da relva minada.

Basta o TREPIDAR DE UM PEQUENO
ALÇAPÃO
a vareta lenhosa
TOMBA a caixa-jaula
e PLAF!
Está desabada a terra
por debaixo
pra cima
esfarelada medusa
cuspideira de areia
roda atolada
de deus pagão
afro-MINA terrestre
Iansã chorosa
que toda partida é.

restam os dedos necrosados
falanges atrofiadas
palco de metacarpos
o gesto
dos fantoches
escondidos.

atina timida
mente mente mente
jura
e mente
num digo:

NÃO!
OUTRA BOMBA NÃO!


até
o acaso soterrar
boca
falange
o sobrado gesto
suas ruínas sufocantes
de onde aspiram só ais
areias
sangue 
coágulos
e partidas.

Trágicas pernas negras
voam espantadas
feito vôo de mariposa
fósforo e álcool
e o que nos foge humano
é o dia que foi.
e o que sobra de surpresa
é o desadivinhado
ainda
mudo.

ACEITO.
Aberto.

O poente boreal
da independência dos acasos.

HÁ FORA!

E do duplo de todas as máscaras conformadas
chamamos o outro
pelo nomes tácitos
dos tristes acordos
que o precede

:

NINGUÉM ESCOLHE SER JOÃO OU MARIA.

ou comer apressado as migalhas
antes das aves
descaminho


o então degelo
amor cadente
fati-fátuo
fóssil achado luminoso
nas cavernas congeladas
ainda pulsantes
icebergs de homens
doídos mais que o imerso
azul que falta
por dentro d'água
imaginado
imenso.

QUE SUICIDEM bombas
NAS FOSSAS!

ABISSAIS.

E teremos o prazer do frio
 e fluorescente
 silêncio explodido.


quase
mais um
quase
PLAF!
e tudo cheira a sacrifício podre
esquecido pelos deuses.

da caverna azul
fogo roubado
resta um capuz guardião
nossos olhos
com estalactites em punhos
riscando paredes
os quadrados
contadores do tempo
e a celebração da caça
que não fomos.













   


O

Tudo é LED
TUDO é led
late led late LED LATE led
led
late
led
late
- diziam os vapores
da cabeça
do vagabundolume.

Teu trapo de alegria!
A imberbe máfia
senhoria do teu coração!

AH!
E as nossas certezas?
CERTEZAS?
e já não incentivamos
o suícidio com rio
água gelada
correnteza
e pedra no bolso?

Pequena virgem combusta
fúcsia
no camafeu
presente novo
e já mofado.

(  às vezes o banho a dois
é um caldo maldoso
de criança)

VAMOS PEGAR A MALDITA!
escreveram no muro antes de mim
Faz CHOVER UM METEORO
trucida o grão
sopra areia
e PRONTO.

Já é VIDRO e frágil
a imaginação
da próxima partida.

PRÓXIMO!
AÍ!
como grita um ai um jovem sexo
já sabia
que não haveria
tamanho humano pra isso.


Embaraçosos cumprimentos
públicos
são mais vexatórios
para os de abissal estima
que os INSULTOS
publicados?


Se quer hoje
por traquinagem infante
meu desejo
ferir
digo alto
testemunhado pela lua minguada
desse casario arruinado

:

Oxalá pudesse amar
como quem ama viciado
um círculo inconcluso!
Oxalá você pudesse!
Oxalá minguados pudéssemos crescer.
Oxalá cheios!
Novos!
Oxalá  luássemos nossos escuros!


mas nada nasceu
além de morte
amortecida


O anel dilatado
do que não coube nas mãos
descasadas
descascadas
pela cópia
lomoholográfica
das fotos inéditas
inventadas
no velho
cinema de NEGRUME:
INCÊNDIO depois:
a morte de duas crianças.

sem brotar nenhuma
no meio fio que assistiria
mais um tentar amor
sem dor cheio
novo
minguado
enluecido.


até as pedras esperaram Oxalá.
e as crateras
e as luzes
os escuros
vãos
vãos
      - nada nasceu-



Oxalá pudesse amar
como quem ama viciado
um círculo inconcluso.
Oxalá você pudesse!
Oxalá aqui luássemos alhures infinitos escuros!
Círculo inconcluso!
Oxalá um nós pudesse!


















sexta-feira, 6 de abril de 2012

AUTOCLEPTOMANIA

                  , metade
 do TEMPO a procura
do que perdemos
                            na outra
comemoramos
o que não achamos.

sexta-feira, 30 de março de 2012

-2

Gritam os passaros da manhã
e na cama baixa deitam Drummond, Sade e Gullar
que conta coisas do osso
enquanto o mineiro pede voz baixa
para o MARQUÊS QUE GEME
as dores das libertinagens-consolo
feito um vibrador de gozo
e falsa liberdade.


Bach pole  ar como Spinosa vidros.
vinhos
espessam meu sangue-delta
onde desembocam as toxinas que sobram
de tudo que não é inocência infante.

-

ARMISTÍCIO  
  AR MESTIÇO
AR MÍSTICO
       MESQUINHO
       MIRTÍLICO
       MARINHO
COM MAIS BRANCO
JÁ É POIS
O TERCEIRO
     OLHO
DO DESEJO.


a iminência da FINITUDE.




dÍNAMOS
AMAMOS DÍNAMOS
         TOLIMOS
EXEGESES  LÍMPIDAS
MASQUEROSAS TRANSPARENTES
COMO UMA POÇA DÁGUA DE CHUVA
NUM ESPELHO.
ESGUICHAVA
     ESCARCÉUS
           DO MIM FRACTADO
DO TEU
EU OUTRADO
OUTrem estraçALHADO
ONDA-SOL-ESPELHO-BEIRA
ALHURES.


     
     

quasi-qualquer

tudo que aconteceu

foi qualquer coisa de ontem.

na janela que se pendura a planta

em  quens quero me transformar:

POLIDAR AS GOTAS DE ORVALHO
LUSTROSAS
DEPENDURADAS
MULTIDAR DE GENTE:

UMA FÁBRICA DE MULTIDÃO.

nasce um poeminho no trem
destravado tiro
era roleta.

O TEMPO DE SOLIDÃO
VENDO O MUNDO fugir  pela janela
dos carros amarelos
condutores de evasão instantânea

Salto.
Vou me descarrilhar nos dormentes
que é sono-sonho quasi-que
do tremor desembarcado
entre estação
e estação.  dinamizo
lento.
Piscam dois olhos vermelhos.
Parem o trem!
Pare!
Mil pés descem:
                             eu continuo.
                                                  sem trem.


Assoprando o carvão combusto
vaporeando minhas duas mil almas
até chover a nuvem ácida
e não mais acordar
no dormente
entre-trilho
uma rama de capim vulgar qualquer.


pOEMAS pra GOZAR ALTO

DÁ-ME -LHE TODO TEU DADÁ!
DÁ-ME-LO!
DÁ-ME-LÁ!
DÁ-ME-LHE TODO TEU DADÁ!


tombemos os corifeus inertes!
mastiguemos os últimos coágulos da moral!

CHUTEMOS O PEQUENO BANCO
SEM DESaTAR OS NÓS
DA FORCA
DA FORÇA
DA REDE DESCENTRADA
DO BYTE PAGÃO
QUE ESGOELA HIERARQUIAS
A DISSEMINAÇÃO DA SODOMIA E AS TETAS FALANTES!


AOS TRONCOS E CHICOTES
(- AS FLORES O RAMO )
UIVAMOS! NO TEU JARDIM-BRUTALIDADE.
E UM BELO BANHO  DE CACHOEIRA
-passa nesse instante o trenzinho caipira como um foguete desmembrado-

DISSOLVA ESSES ANÉIS-coágulos  DE MELANCOLIA
ESSA DOR QUE VEM NAS COSTAS
DE ALEXANDRE, O GRANDE
UMA PEQUENA
CINTILANTE
PRETUMINHA
formiga.

Apita o TREM CAIPIRA
como um chio SATÂNICO
SAáRICO
desertoso
desfeito
em poeiras
volantes
DO ALADO DE POUCA ALTURA
VÔO DE GALINHA
ISSO DE MEMÓRIA QUE PARTIU
COMO O GRITO
PURIFICADOR
E MÍTICO
DE TODO SUICIDA
OU ATENTOS OS QUE SE PREZEM
NO TENTAR PROFISSIONALIZAR
MORRER.

GAUCHE-TÂNTALO!

ESQUIVA COMO DOIS-PÓLOS
NEGATIVOS SE ESQUIVAM
SEM VERGONHA  ALGUMA
OU CEREMIÔNIA:
 
OS RITUAIS SÓ VELAM.:
                                              NÃO AJUDAM A APODRECER.

UM ALTAR ARTAUDIANO
        NA PRAÇA DO MEU
                        ( CORAÇÃO)

       COMBUSTO.

VELA VERMELHA
SARÇA PULSÁTIL
DE LUZES
PROJETAM NO ANTEPARO
MOFADO DAS MELANCOLIAS ESCURAS
O FILME TERRÍVEL
DAS SOMBRAS QUE TENTO APALPAR
COMO UM CEGO
(PROCURARIA UM FANTASMA
                                                         .


                                  E NEM PARA O SURDO
                                  ( A MÚSICA FOI IGUAL .

Há um ano Spinoza falava
           (de você     .

E EU
   - BÊBADO DE SOL
CHEIRAVA ESSA TUA MÁTERIA
GUARANI SEM PERFUME
             GUARANI-GAUCHE
GUARANI-TÂNTALO-GAUCHE
CUJA SELVAGERIA
(e como odeio cuja, cujos e amo as corujas -
seres sabinos
do olho noturno
de quem tem bico-curto
mas VÊ)
APRENDI TARDE
AO TEMPO IRREMEDOÁVEL
A QUEM POSSO AFIRMAR QUE SUBTRAÍDO
TODOS MEUS ERRORs
               ESSA TRAGÉDIA TERIA FINAL!
          TERIA FINAL!
      TERIA AFINAL
UM DESFECHO DIFERENTE
DESSE CAMINHO DE BECO E INUNDAÇÃO?

AH! mas já vai tarde a resposta
já vai tarde esse bigode de camundongo
que cava bUraco na parede
e dá surra em gato distraído!

MEU CORAÇÃO-RATOEIRA!
a adivinhação das runas
e o alecrim que dança solto
as partituras atonais do vento!

HÁ DOIS ANOS A PAZ
       (TROCOU DE FANTASIA
E NUA PEDE
CARONA NA VIOLÊNCIA
BRUTA DAS ESTRADAS.

ENTRE.
SUPORTE O FATO
DE SER HOMEM DE CARNE,
BONECO DE PANO COM CONS-ciÊncia
OU VESTIR-SE GAMBOA
ROUPAS DO MAR LOUCO HIEROFANTE
E CORRER SAVANA ATIRADO DOCE ENTRE ELEFANTES
               E LAGOS.


COMO TE CONTAR MEUS DIAS?
SEM SUA CARA DE SIM.
DE SER UM PEQUENO
PARA OUTRO CULPADO
PERGUNTA:

AMÉM É QUE NEM ENTER?

A ALMA IMORAL.
IMORAL?
E DAR DE COMER  ÀS ANTITÉSES!
ÀS DUALIDADES?
AO INVERSO
AO PRAZER DO INVERSO
PRA SUBJULGAR
O QUE NÃO É VERSO
TROCO DE FACE
PORTATO-POTENTIO-RECORDATIO-MÁSCARA
PERTENCE
A ALMA IMORAL
       PELO
       MEU REINO
SUA VIDA
DE MENTIRA.

PREFIRIA ACREDITAR
QUE TODA TRISTEZA
É FALTA DE ZINCO
TEATRALIZADA EM HISTERIA
COM TODOS OS TEDIOSOS TEXTOS
QUE A COMPORTA.

COMPORTA. CAPOTA. CABO.

O COMPORTAMENTO É O CABIDO.
NA MORAL SUBTRAÍDA A CULPA
PELO SUPORTAR DO HÁBITO
DE SIDO MESMO.

AH, CHORO TEU MEDO COM URÉIA PELOS OLHOS!
E SÓ NÃO CHORO
E JULGO
PORQUE TAMBÉM CATACUMBEI MINHAS VAIDADADES QUE SOBRARAM!


POSICIONARAM A MAÇÃ
COM UM CORPO EMBAIXO DELA
E A FLECHA
ERA VERDE
A MAÇÃ ERA VERDE
A ESPERANÇA TOLA ERA VERDE
O VAGA-LÙMEM ERA VERDE
E ENTREGASTE O UNIFORME NEGRO
A SIGLA TOTALITÁRIA
O CUMPRIMENTO CONSTRANGEDOR
àS MELANCOLIAS QUE PIAVAM PEQUENAS
E AMARELAS NO CANTO
FEITO UM IMEDIATO PÓS-OVO
QUE BICAVA O MUNDO
DE UMA SÓ VEZ.

De tempo em tempo
desse mesmo mundo
fugiu.


AS RAMAS EM CHAMAS
ESSA AMÁLGAMA
DE NÓS SERES ALAGADOS
HOSPÍCIO DE AERÓFITAS
GRADES DE MANGUE
SERES DE CASCA
QUE APESAR DE NEM SABEREM O MEDO
COMO MEDO NOSSO
FOGEM PARA TRÁS
_TEU CANCêr_
OU DESABAM SUA DANÇA
PARA TODOS OS LADOS.

DANCEMOS. AERÓFITOS. MEZZO-AQUÁTICOS
ESSE PORTO PRA O NADA
QUE É O ACASO,

FALEMOS BAIXO.

e que nossos olhos digam sim.
     

     



quinta-feira, 29 de março de 2012

Tento e vento

restou uma tarja preta no céu
capuz e
ventania.

Na palma da mão
uma linha curta
outra curta
e a longa
da vida
parece forçosamente mentir pra mim.


Procuro amores em livrarias
bibiotecas em bar
calor no vento,
cento´peias de ar
ápodes.

Rezo pra um deus
que é um bicho
um caco
e uma flor.


Joguei teu nome alto na lua.



NAO rIAS

NAO TEMAS
O BECO ALAGOU E SOBRARAM ESCADAS.


talvez sinta assim mesmo
essa ventania que arrancou
minha tristeza fora
uma rajada azul e bruta
de voar
telha
teto
e desabar paredes.

‎"Fugidia.


E sobre nós este tempo futuro urdindo


Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida


A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.






Te descobres vivo sob um jogo novo."


falava assim a lápide da minha tristeza
por enquanto
por força maior
pela grandeza dos teus olhos celestes
e tua boca rosa
endiabrada.

































Ao naufrágio

  DADAÍSMO
        DADAINDIE
        DADAINDO
        DADAVINDO


                              MORRERAM os

meus verões

Nem bem
         nem mal
         VERÃO:


morreu como morre
um camundongo afogado
num copo de água turva
e malva quente.

MORREU VERÁS!

Partiu o trem caipira!
E chamuscados capiais
com seus chapéus de palha
no pinga-fogo de seus cabelos!
CURUPIRAS INCENDIÁRIOS!
 Terra arrasada.
FoLK-napoLEÕES!


Quando vires
(no espaço concedido pela ausência do teu medo)
meus olhos mais brilhantes ainda
saídos como flores
verdes da sisudez  do meu rosto
mais narciso porque petrificada
minha expressão de nojo
diante do adianto tudo da vida
que subtraído tu,
gauche, torto gauche,
é menos todo
 mais            tubarão
                    prancha
                    três passos a fora
                     e piratas.


Taí.
Eu imundo fiz você gostar de mim
com meu d-eus praguejando a contramão
você tem
você tem
você tem
você tem
NADA.

Taí.
petrificasto em mim
nas poucas
ainda
rugas
olho de vidro
a espada
o mar
a prancha
e o descontrole dos pés
suicidas
que fogem de ti à morte
desaprendendo tarde
a selvageria  dos teus dentes.


VÁ!
    AO MAR!
VOCÊ! TU!
          AMARRADOS
          COMO CÃES EUTANASIADOS
          À MINHA POESIA-ÂNCORA.


ACORDA!
   CURTA
           CARREGADA
           PELAS ALMAS-BALSAS DO MUNDO
           COMO UM FARDO FALSAMENTO
           ACUSADO
           DE SER FATAL
           CONTRAINDICA NA  NEBLINA
           AS ILHAS LODOSAS DA VIDA!


DÁ-ME-LHE TODO TEU DADÁ!
DÁ-ME-LO!
DÁ-ME-LÁ!
DÁ-ME-LHE TODO TEU DADÁ!
E NAUFRAGA!
AFUNDA!
PORQUE DE TEU ROSTO
QUERO APENAS O INCHAÇO DO QUE MORREU!
E GENEROSO
FICO CONTENTE
OS VERMES PRECISAM MAIS DO TEU AMOR DO QUE EU.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Sapocópio

escrevo por cima dos dias 
                                         que passaram


soterramentos
        lama
mesmice preta de mangue
e nele: (até um mim)

‎desatando um nó de nós: 
eu.


desembrulhando presentes:

UNICÓRNIOS CORNOCÓPIOS

tabeliães
quakers
enredamento
casual desterro
canto
     beira
           soterra
                   beira




nuvem espessa
de
plumbo-água
chumbo nos olhos do céu:
l
á
g
r
i
m
a



pequena
       pequenina
                água-grão
e pensa que o coletivo
de grão
        é duna
      porque só voar
        resta.






Escrevo por cima do tempo que passou.
        poesia pálida
        poesia lápide
                    no tempo do léu:

trem
cruzando trépido teus olhos
de montanhas azuis
             boreais
distantes


meu gelo
    teu gelo
a chaminé
e a neve lamacenta nos pés
do frio novo
que é essa pedra
com um a perder
     de vista
fim



Tentar respirar ocupa muito tempo.


Tem aurora!
    no poço
         Tem aurora!


um sapo só
pensava que o balde pendurado
era um Deus
sem manivela.
 anfíbio-dios-ex-machina.




mudo-mudo-mudo-costurado-boca-sem-boca-risco-riso-mudo-mudo-mudo!
                     esquizomudo
                          zummmmmm
                          zaaaaaaaaaaap
                          u
                          m
                          b         (coaxa, baixo!
                          i
                          d          coaxa, baixo!)
                          o de
                              u
                              m
                              b
                              i
                              g
                              o gelado

(anfíbio-dios-ex-machina)
- coaxa, baixo!
ou explique o que há de comum e amoral
entre sapos,neves e trens!
coaxa baixo!

(O balde)
- Viver leva o tempo
que nos rouba
o tempo.

(o sapo)

- + + -
   o
--------



mudo-mudo-mudo-mudo-acaso-mudo-imundo-mas mudo - meu mundo :




‎desatando um nó de nós: 
eu.



If loVe is

I ARE



mudo. coaxo baixo.




sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

beco satânico

Cantarei para o quê
Minhas dores inenarráveis
Minhas roupas vestidas com poeiras
Que vento nenhum espanta
Sem esgarçar de vez o pano
E expor-me a luz dos outros
Lanternas radiotivas que plantam
Dissabor nas células
E fazem nascer esse retorcido remorso
Que me parece um braço
Afoito por rodear crianças, luas, homens e fadas
Sem ter um par para sem limites fazê-lo.
:

em dois.


Ah! Esssa dor que vagamundeia!
Entre o árido e o florido
Como um cerrado timidamente desabrochado
E cínico
Sofre por não ser o escracho da caatinga
O amor fati de cordel
Clama um nome q´inda não tenha sido seu
Uma terra sem tantas flores, sem tantos bichos
Sem tantos outros
Sem tantos idos
A areia cercada de terra
As praias do passado intocável
Indizível
Por ter sido
Quando corpo algum ainda vivo
Pode subir no alto da pedra
E sonhar com a fertilidade
Imprevisível dos sonhos
                        (que quando viram futuro)
Sem terem existido
São apenas divagações do não vindo a ser:


VIDA.

A mutilação da esperança
as pernas amarradas e os cavalos
Correndo em direções opostas
Até o momento estanque final
A explosão oca dos restos mortais
amorais!
Da aurora que sorri brilhante para o dia
E transforma as poças de sangue
Em vermelhos sinais luminosos
O chamariz das flechas
Dos que são alvo de si.
e transbordam atingidos
como um copo derrubado
sôfrego
de tanto guardar


e no final de tudo
quando as nuvens bem claras nos escolhem
para não morrer
entre amigos 
como que demasiado fosse ferí-los
da abundância de nós
existem no rizoma per si
(se é que algo exista assim - e não.
é não-rima.  só)
o válido vívido nos ventos da rua do Mercado
o doce amargo dos acordes da Brasserie
o azedo alemão explusor de rockabillies
a carioca e seus livros baratos
os desajeitados neo-punks e suas correntes frouxas...

surge nesse rede-mundo- moinho----- vaga- mundo
um olhar amigo caleidoscopado de Selaron
virado tudo tão familiar
bebemos do açude
dos vincos da terra caatingueira
inspiramos o amor fati degustando a lua
sem víveres
sem felicidade concreta
no concreto, no discreto
sem amores
sem amantes
mas sabendo
que de algum lado
o teatro urbano das coisas do acaso
hão de beijar nosso rosto
repentino rosto
e nos forçar a dizer
coisas sobre o amor
sobre essa cidade
e nosso espanto amoroso de amá-la
entre tantos marginais quanto for preciso
deformá-la
para caber a contramão luminária
dos becos satânicos.




terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

alvorada fake


e a nêga mais linda  foi.


beijos com confete
gengibrado
na poça preta
do bar da cachaça
a alvorada é só o brilho da Sapucaí :
                                                                                                                             carnaval
quando os marginais se ausentam
pra trocar suas belezas
na porta do necrotério
que benze fedido
a finitude da lapa
já sem lagoa
e satãs.

sweet


o leva-leva de carnaval
do lugar onde mora o escracho
depois do never ever mãe
clown dercy
e Lola desbunde.


have you ever
seem it all burn?


I saw all my lovers saying  bye
all turned
into dust.


do ya know what gloomy is?

tastes fucking bitter.


é o poço sem onda
que são os buracos
sem mar.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Gospel Hell


 Novelo:

A única coisa que Deus fez de bom foi se transformar em música preta.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

cheiro


amor mamífero
a mágica repentina
da realização
:
o desejo.


da paisagem que fui
das paredes outras
roubei-me as molduras
escorri as tintas
num fogo qualquer
e quente
até a desforma
o rascunho das máscaras
o abstrato da imagem
do teu irreconhecido
eu.

era você subtraido de mim.                            
era você.
era você de novo.


já sem
mim.

                    morto.

jaz
no vaso
seco
um girassol
fascinado por luas.


contato


um mal contato cardíaco.

meu amor é o  metamórfico dos incas.

              meu amor é um telefone sem fio de copinho
meu amor é a rocha ábobada natural das cavernas azuis
é a apnéia dos sem superfície
é o submarino
anti-atomico
da brisa
da concha
aparelho dos cotidianos surdos
que não ouvem
a emergêcia natura.


            um badalo do sino sem aviso
corretor dos habitués cafonas
:
a disciplinariedade
extintora
de caos.

chapisco


entre fotos de antigos amantes
e miséria de imaginação
esqueci da poesia
contra mil paredes
mil chapiscos
um corpo trêmulo
cru
em direção a luminosa morte
com a velocidade de água
ribanceira
sem mato
lavando de lama
as palavras não ditas
a culpa
a cólera
mortas
afogadas
não puderam chegar nem na hora
nem atrasadas
inundadas que estavam
em seus  segredos
imundos
de escondido.

um bicho


um bicho
dentro
um bicho desses
polvo com espinhos
como se fossem pêlos.

mal sabem que a poesia
é um striptease para soldados
a gota sonhada do cacto
as terras debaixo do açude
os desvios flúvios
para os que querem barragens
turbinas
e elétrons.

poesia é a queda artificial
a enxurrada de agüelétrons
que chovem quando espadas
cortam no ensurdecedor
as nuvens de metais
e chovem raios
que as palavras chamam de ideias
e assim humanamente
na maior e pior das vezes
humanisticamente
inventam os carentes de ver sozinho
essa linguagem que suporta
o sobreviver acompanhado de muitos
e  de leve ajuda
tolerarmos uns aos outros
pelo simples concordar
chamar as mesmas coisas
com os mesmos nomes
chamando a culpa de culpa
quando queremos condenar nossa fraqueza
diante desse acaso organizado chamado mundo
e nossa pequinês corpórea brutal
diante da severa temperança
mãe Natura
que opera tudo sem concordados regimentos
ao bel prazer do passeio conflituoso
de todas essas moléculas-flanêurs
pelo espaço negro do infinito
que abraça toda matéria
toda existência
todo movimento
o aprendido
o pensado
o falado
e o não dito.



um bicho
com muitos bichos
não há só um
Paulo
que acenda
pito no incenso
música
pra muitas bocas
poucos ouvidos
e nada de corpo
dançado
ou escrito.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Carbônico

não caibo nesse mundo
-diz a veia menos pulsante -
mais outsider.
pensa
grita sozinha
chora o encontro marcado
e morre sem saber
que lá todos esperavam
na mesma árvore
na mesma esquina
e todos com medo de ninguém chegar a tempo
se consolavam com o sol
os da direita esperando que ele se pusesse
para terem motivos
para praticarem adeus
os da esquerda esperando que ele levantasse
de suas esperançosas auroras
entre direita
entra esquerda
e no meio de tudo
onde morava a glória
passou o acaso
robou tudo
e ninguém percebeu

perecer.


não caibo nesse mundo
-dizia um deles-
grande demais
pra saber que entre grafites e diamantes
muda pouca coisa
no fundo tudo é carbono
e no raso
uns mais duros
uns mais moles
outros boiam
uns tem discurso
uns escrevem
outros brilham
uns tentam caber no mundo
e de tanto apequenar
somem.
é a morte.
e tudo que não cabe
transborda
vira adubo
fétido pra alguns
brilhante para outros
justamente esses grafites
que escrevem o mundo
sem medí-lo
e sem saber
encaixam no mundo
imprecisamente
o tudo.

 







são os ossos do acaso

sem ofício.

o resto é morte
escrita.
          carpe tardem