sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

beco satânico

Cantarei para o quê
Minhas dores inenarráveis
Minhas roupas vestidas com poeiras
Que vento nenhum espanta
Sem esgarçar de vez o pano
E expor-me a luz dos outros
Lanternas radiotivas que plantam
Dissabor nas células
E fazem nascer esse retorcido remorso
Que me parece um braço
Afoito por rodear crianças, luas, homens e fadas
Sem ter um par para sem limites fazê-lo.
:

em dois.


Ah! Esssa dor que vagamundeia!
Entre o árido e o florido
Como um cerrado timidamente desabrochado
E cínico
Sofre por não ser o escracho da caatinga
O amor fati de cordel
Clama um nome q´inda não tenha sido seu
Uma terra sem tantas flores, sem tantos bichos
Sem tantos outros
Sem tantos idos
A areia cercada de terra
As praias do passado intocável
Indizível
Por ter sido
Quando corpo algum ainda vivo
Pode subir no alto da pedra
E sonhar com a fertilidade
Imprevisível dos sonhos
                        (que quando viram futuro)
Sem terem existido
São apenas divagações do não vindo a ser:


VIDA.

A mutilação da esperança
as pernas amarradas e os cavalos
Correndo em direções opostas
Até o momento estanque final
A explosão oca dos restos mortais
amorais!
Da aurora que sorri brilhante para o dia
E transforma as poças de sangue
Em vermelhos sinais luminosos
O chamariz das flechas
Dos que são alvo de si.
e transbordam atingidos
como um copo derrubado
sôfrego
de tanto guardar


e no final de tudo
quando as nuvens bem claras nos escolhem
para não morrer
entre amigos 
como que demasiado fosse ferí-los
da abundância de nós
existem no rizoma per si
(se é que algo exista assim - e não.
é não-rima.  só)
o válido vívido nos ventos da rua do Mercado
o doce amargo dos acordes da Brasserie
o azedo alemão explusor de rockabillies
a carioca e seus livros baratos
os desajeitados neo-punks e suas correntes frouxas...

surge nesse rede-mundo- moinho----- vaga- mundo
um olhar amigo caleidoscopado de Selaron
virado tudo tão familiar
bebemos do açude
dos vincos da terra caatingueira
inspiramos o amor fati degustando a lua
sem víveres
sem felicidade concreta
no concreto, no discreto
sem amores
sem amantes
mas sabendo
que de algum lado
o teatro urbano das coisas do acaso
hão de beijar nosso rosto
repentino rosto
e nos forçar a dizer
coisas sobre o amor
sobre essa cidade
e nosso espanto amoroso de amá-la
entre tantos marginais quanto for preciso
deformá-la
para caber a contramão luminária
dos becos satânicos.




terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

alvorada fake


e a nêga mais linda  foi.


beijos com confete
gengibrado
na poça preta
do bar da cachaça
a alvorada é só o brilho da Sapucaí :
                                                                                                                             carnaval
quando os marginais se ausentam
pra trocar suas belezas
na porta do necrotério
que benze fedido
a finitude da lapa
já sem lagoa
e satãs.

sweet


o leva-leva de carnaval
do lugar onde mora o escracho
depois do never ever mãe
clown dercy
e Lola desbunde.


have you ever
seem it all burn?


I saw all my lovers saying  bye
all turned
into dust.


do ya know what gloomy is?

tastes fucking bitter.


é o poço sem onda
que são os buracos
sem mar.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Gospel Hell


 Novelo:

A única coisa que Deus fez de bom foi se transformar em música preta.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

cheiro


amor mamífero
a mágica repentina
da realização
:
o desejo.


da paisagem que fui
das paredes outras
roubei-me as molduras
escorri as tintas
num fogo qualquer
e quente
até a desforma
o rascunho das máscaras
o abstrato da imagem
do teu irreconhecido
eu.

era você subtraido de mim.                            
era você.
era você de novo.


já sem
mim.

                    morto.

jaz
no vaso
seco
um girassol
fascinado por luas.


contato


um mal contato cardíaco.

meu amor é o  metamórfico dos incas.

              meu amor é um telefone sem fio de copinho
meu amor é a rocha ábobada natural das cavernas azuis
é a apnéia dos sem superfície
é o submarino
anti-atomico
da brisa
da concha
aparelho dos cotidianos surdos
que não ouvem
a emergêcia natura.


            um badalo do sino sem aviso
corretor dos habitués cafonas
:
a disciplinariedade
extintora
de caos.

chapisco


entre fotos de antigos amantes
e miséria de imaginação
esqueci da poesia
contra mil paredes
mil chapiscos
um corpo trêmulo
cru
em direção a luminosa morte
com a velocidade de água
ribanceira
sem mato
lavando de lama
as palavras não ditas
a culpa
a cólera
mortas
afogadas
não puderam chegar nem na hora
nem atrasadas
inundadas que estavam
em seus  segredos
imundos
de escondido.

um bicho


um bicho
dentro
um bicho desses
polvo com espinhos
como se fossem pêlos.

mal sabem que a poesia
é um striptease para soldados
a gota sonhada do cacto
as terras debaixo do açude
os desvios flúvios
para os que querem barragens
turbinas
e elétrons.

poesia é a queda artificial
a enxurrada de agüelétrons
que chovem quando espadas
cortam no ensurdecedor
as nuvens de metais
e chovem raios
que as palavras chamam de ideias
e assim humanamente
na maior e pior das vezes
humanisticamente
inventam os carentes de ver sozinho
essa linguagem que suporta
o sobreviver acompanhado de muitos
e  de leve ajuda
tolerarmos uns aos outros
pelo simples concordar
chamar as mesmas coisas
com os mesmos nomes
chamando a culpa de culpa
quando queremos condenar nossa fraqueza
diante desse acaso organizado chamado mundo
e nossa pequinês corpórea brutal
diante da severa temperança
mãe Natura
que opera tudo sem concordados regimentos
ao bel prazer do passeio conflituoso
de todas essas moléculas-flanêurs
pelo espaço negro do infinito
que abraça toda matéria
toda existência
todo movimento
o aprendido
o pensado
o falado
e o não dito.



um bicho
com muitos bichos
não há só um
Paulo
que acenda
pito no incenso
música
pra muitas bocas
poucos ouvidos
e nada de corpo
dançado
ou escrito.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Carbônico

não caibo nesse mundo
-diz a veia menos pulsante -
mais outsider.
pensa
grita sozinha
chora o encontro marcado
e morre sem saber
que lá todos esperavam
na mesma árvore
na mesma esquina
e todos com medo de ninguém chegar a tempo
se consolavam com o sol
os da direita esperando que ele se pusesse
para terem motivos
para praticarem adeus
os da esquerda esperando que ele levantasse
de suas esperançosas auroras
entre direita
entra esquerda
e no meio de tudo
onde morava a glória
passou o acaso
robou tudo
e ninguém percebeu

perecer.


não caibo nesse mundo
-dizia um deles-
grande demais
pra saber que entre grafites e diamantes
muda pouca coisa
no fundo tudo é carbono
e no raso
uns mais duros
uns mais moles
outros boiam
uns tem discurso
uns escrevem
outros brilham
uns tentam caber no mundo
e de tanto apequenar
somem.
é a morte.
e tudo que não cabe
transborda
vira adubo
fétido pra alguns
brilhante para outros
justamente esses grafites
que escrevem o mundo
sem medí-lo
e sem saber
encaixam no mundo
imprecisamente
o tudo.

 







são os ossos do acaso

sem ofício.

o resto é morte
escrita.
          carpe tardem

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Ana?


ana?
eras tu
entre crack
e mortos bancos
onde o vício pobre
teu
numa fila do passado
nem cansada
poderia sentar
cima do jazido
monte negro
precedente
e tão presente
quanto aquela lua encabulada
culpada, crescente
quase
cheia.                               
ana?
sambada melódica sarjeta
cantado o canto do cômodo redondo
achadas as asas baratas
afogadas de bueiro lá pronto
para o pôr
ela  lua contiuava.
lembrando  para o alhures da impressão
continuado entre o céu e corpo-afeto
uno
pito
cachimbeiro
de brasa só
escolhida
pelas almas-sarças
como esse nós estilhaçador de opaco
ardente entre  risos uníssonos
e o curioso
lusco-fusco
nunca dado por satisfeito
por essas almas fogueiras
de leviano calor
sempre recém-combustas
pelo julgo vindo daquilo
que candidamente as lembramos
em próclises famintas
do todo não sido
delas.


3:38am
enfim..
eu disse.. q ele ouvia as coisas e rememorava um nós
desértico
que bebia do espinho.

copiar e colar
é um dos meus crimes éticos
tímidos fronte invasões tamanhas.
e sabe-se lá...
tô tratando num errático cassino a sobrevida que escolhi restar
até meu último afogo de ar
e bolor de carne rejeita
benvida
hipérbole de odor
até meu final golpe descarrilhado para o trem
dividido
vago
mula de mineral
vermelho oxidado
que me avisa sempre
do meu tudo estar procrastinado entre trilhos vaporentos
e minhas dúvidas atéias não-expectas.
dói não crer nesse maior caído em bocas de matildes terceiras.


Dói extinguir ajuda.
dói todo esse überman tentado
marinado em pedra vulcânica
e invisível êxito.

Amei


    • o cada negar de forma saudável a solidão – estancar o isolamento- é um pacto injusto com a realidade dos outros que empobrece a nossa loucura.


      encontrar alguém melhor do que eu deve ser mais difícil que encontrar alguém que me ame pelos meus defeitos.



      cambista de cupom de churrascaria.


      quero cantar do alto de uma geleira


      picles.