terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ao mastro com carinho

Bilhete marítmo achado dentro de uma garrafa quebrada:

"Querido meu,
não há amor por ti eterno 
tão só minha vaidade te abocanha e prende
como uma sereia morde o casco
de um barco vacilante:
pelo canto
até o redemoinho.

um abraço de mãos fechadas,

S."

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Hiato


entre o pio de uma coruja
e o tilintar dos orvalhos madrugueiros
canta Bethânia
olho nos olhos
tão só queria eu
um mínimo
cara a cara
lava a lava
rio de fogo encontrando beira de mar
petrificando basalto
meta-mórfico
lava a lava
mumificando terra negra
penhasco duro
pontiagudo
de onde me equilibro quente
respiro fundo
sei que a noite passa
e seguramente enquanto eu não aconteço
guio-me  pelos riscos de magma
dos sismos que me antecedem
racho
tremo
rasgo a noite
grito fogo
e amanhã
diferente
me sismo inseguro de novo
numa fenda entre mais de dois mins
alegre
aceso
de repente.

Repente


Pisei. Luz!
espantei alegre.
luz!
e tinha só pisado no interruptor da minha luminária.
imagina se fosse de verdade...
encontraria o sol
e infartaria antes de dizer
um obrigado por tudo.

Solidão


se essa ilha fosse
num espaço
seria um asteróide cercado
de vácuo 
por todos os lados.