segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cartografia do potencial

cartografia do potencial


dor
dor
dor
dor
dor
prazer
prazer
prazer
desprazer
desprazer
desprazer
epifanálise

resistência
resistência
resistência
resistência
resistência

Resistência
prazer
sive natura
resistência
morte do corpo
< rizoma

domingo, 17 de abril de 2011

Canto do desterro

o futuro do amor é o castigo
o sempre do amor é a Natureza
última dos abandonos
porque prévia
ao mundo
é
nascedouro
da
matéria
a fuga grita
branda é a coragem!
combativa nunca luta
afirmada a potência da vontade
não mata
mesmo morrendo
cria
a não-luta
extingue
o atrito dos corpos
pela sensualidade das forças
o encontro fusor
volta seletiva
a expulsão da culpa
acompanhada no seu caminho
à chama-sarça
pelo
arrastar
cabisbaixo
da rostidade destruída.

combate : o não atrito dos uniformes
vítima mais procurada
no cartaz dos salões
por nós
é a mediocridade
pequena é a imaginação do bicho homem
do quanto pode se tornar macaco
o civilizado antropohomem
iluministrado.


O quê a insatisfação do homem fez com o prazer?


Falo aos que sobram
que se dêem sempre
por corpos sem satisfação
porque assim parece querer
a vontade dos inventos
a propulsão contra
a cultura falida!
O fiasco do Moderno!
A aurora de nossas intrínsecas diferenças!
A falência desidratada do acúmulo
chegou aos demasiado iguais,
caros domesticados e baratos obedientes!
mística da vida
irreverência moral
a existência estética
ética do transvalor!
vocês agora contem
com calma e boa entonação
como se amarra
criança perversa
em pé de mesa...

intrínseca diferença pensada
admira já de longe
o arado destruidor dos leôes
e as pacientes crianças de sementes em punho



são nossos inseparáveis humano-rizomas.

o hábito
essa perversa entidade
deus tarado
pelas fracas e médias vontades!
engenhosidade pior.
conjunto de distrações,
enfermeira corrupta da existência
habituou concreto
o hábito diário de eutanásias cumpridas.

----------
.rotina.
.analgésica.
----------

A revolução é o capricho sistemático do domínio mutacional!
A revolução não é precisa.
Quantos seqüestrados acasos!
A revolução não é precisa.
como não é precisa a revolta
como não é preciso o re-sentir
como não é preciso
ou inexiste até
o retorno das formas.
Levanta um dedo de unha roída e pergunta
o que preciso então é
e morro sem saber
mas intuo
que necessário seja
criar a penas.

avariada a má consciência
pela plasticidade do esquecimento
a morte súbita da identidade
o ser corpo com tantas máscaras
quanto menos
órgãos.



desse remendo tolo do meu pouco lido
mundo
fica essa colcha de retalhos
presente barato de avós
mas também corda para fugir da torre
antes de virada forca
para desgostosos que beberam demasiado niilisimo
e tomaram gana pelo salto curto e fatal do nada.

Preciso é o espetáculo orgiástico das multidões!
Preciso é o gozo universal dos que vagam pelo tempo!
Preciso são os flaneurs de átomos!
Preciso são os que fazem de mirante os abismos sem vertigem!
a selvageria!
a crueldade !
o incêndio ritual é preciso!


Tiros no quadro negro
pela aurora do singular
talvez seja espantosamente preciso.


Revolver é preciso?
revoltar é preciso?
ressentir preciso?
retomar
retornar
preciso?
nada.




e para inventar
preciso
tudo.

Epifanálise

fiz de tão
sempre o êxtase
mais:
o clímax do êxtase
além:
a epifanálise do mundo.
sinto

em cataclisma
aqui
bem perto
toda chuva é granito
e minha cura
pesada transparente
vive pelo presente
enfeitiçada
acha poesia numa lata de biscoitos
na lua fisgada
em qualquer vento
de tampa de bueiro
vive de olhos estalados
reveladoras
saias masculinas
reluzente
que se olha o turvo aquoso
o poço puxa
entediando meu inédito
corpo já cansado de molas
embora pule por vezes
entusiasta pulga
geossexual que é.

sequestro

procurando meu romantismo
achei um cadáver no porta malas
morte chega
morte vai
e que se enterre
para que outra morte brote
pede calma a vida

89

se me faço na água
aprendia a menina
a não furtar
romãs
dentro das bochechas.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Lista

Coisas para não dar de presente:

chave de cadeia
caco de vidro
arame fardado
agulha velha
focinheira
botão sem casa
pedra no sapato
botão sem flor
caixa de pandora
espeto de churrasco
maminha
lua
cabana sem teto
aquário
fungos
cadáver de bailarina de caixinha de música
cordas
coelho preto
deus semi-pronto
tigre assustado
porta retrátil
camarão-criança
consolo movido à energia eólica
peruca calva
relógio
óculos
perfume
quadro
e qualquer bilhete de ida e volta.



Coisas para ganhar do presente:

anões de jardim
incenso de sálvia
máscara quebrada
amoras
caosmose
pega-varetas
pipa avoada
cavalo do mar criança
pulgas velhas de circo
pulgas aposentadas
mini touro de cristal
olho morto de cartoon (x x)
lampião de vagalume
concha-vitrola
mitocôndrias
três golfinhos
glóbulos brancos
abraço de urso panda
travesseiro-nuvem
memória de curto prazo
whisky
husky
gelo enxugado
sibéria
e qualquer bilhete só de ida

Retorno

caverna
de onde aprece
o estalar
outoneiro
que se o verão é mais
verão às 12:30
o outono é mais outono
às 17:00
quando o azul desmaiado
se eriça com o amarelo
ido
do sol
retirante.

troca grata natura
o sol se deita
na rede
as palavras de Clarice
escuto
como o chiado ancestral do mantra
comungado pela rocha e a água
quando brota o calcário das coisas
em parto anormal
erodido
em atrito-lúmen
lito
rasteiro
resto


sangrava a lua no céu
fumaça vermelha
esco
rrida


Astro rei, de nômades elétrons!
faísca de outono
dourado
as folhas mortas
como um espelho duro
feito só
de
molduras


eu que vivo
espremido
eletrocutado
entre
a coisa
e
a
idéia
da coisa
já cheiro vento
para agradar minha parte mansa
e a raiva restante
não é mais ressentimento:

é pressa assustada.

que grita: vai!
para as estrelas
porque quer o dia
e testar seus dínamos.


um dia qualquer às 17:00
de outono estalante
há de vir
a primeira estrela cadente
a
ver
o sol
morrer
face a face
no abismo único
das explosões
ca
va
das.


sangrava a lua no céu
fumaça vermelha
escorrrrrrr
ida

multisuicida
polifonia?
o não estelar
e o sim do dia?

posto a prova se o que fazes
desejarás que o faças mais
pela eternidade?
o devir
retorno
das intensidades
pelo re-sentir
desconhecidas?





afirmado
sem antes negar
porque se
es pa lha


como dá mão à terra
uma lagoa chorada
salobra
e suas algas-almas fantasmagóricas
no cascalho
onde as máscaras
fundo
riem calcarosas
entre elas
para multi dar-se confidentes.

afirma
e não nega um ser
sequer
nem acaso mal quisto
porque não se nega
água
à sedenta vida
que quer viver o mundo
dançando
os trágicos
terremotos da vontade
leveza de uma pétala
voadora
que é a borboleta
sonho
larval
do perfume queimado
que sai da memória
uma caverna
interditada às avessas:

dentro: todos :
ninguém mais sai .
outro buraco surge
do tédio coletivo
zumbido de pensamento
fadado a criar cavernas
e esquecer o traço da volta
se não há volta
(re) volta ?
não volta a carne
não volta a forma
as forças sim
retornam
eternas
num trovão
ou num livro.
aberto
ou fechado
empoeirado :
que a poeira é o pólen das coisas vivas.

domingo, 10 de abril de 2011

13 ou n - Da morte do outro

abril...
trarás o que ainda?
e tanto...



Volto. Mas não sei quantos pedaços de mim voltam. Sem susto. Não há como registrar todos os rostos de cada multidão. Recém cheguei de uma festa de criança, com todos seus ritualismos muito bem colocados para o bem da memória dos pais. Meu pequeno irmão mal compactuava com aquilo. Devia ser para ele além de bichos,cores. Cores falantes. Até que idade será que ouvimos a cor? Onde se dá a curva do esquecimento dos sentidos selvagens? Assim as crianças me parecem: bichos selvagens sem microfone. As fotos e as pequenas delícias em copinhos para o pequeno bicho nada valiam salvo seu desaber. De pequeno, experiência malfazeja, já querem lhe roubar um sorriso - : congelar o quente instante. Que se suassem junto quereriam água fresca e não imagem em pedra. Mas sempre há espaço para os marginais acasos em todo ritualismo clichê. Paro. Há semanas tateio o fio recondutor... Apalpo o transe com mãos de calo e enxada. Faço um carinho áspero no tempo. Deixemos o vôo, e voltemos a fisioterapia de penas. Antes preciso andar para trás até ter o terceiro olho na nuca. Regresso a mística elétrica muito porque morreu meu primeiro outro querido. O físico do velho Zuza se foi. E como descrente no além-mundo dado dói mais do que o não conhecer o criador dos criadores. Reeitero ação da água de ser escrevo. Para ser lido? Definitivamente não. Vocês não lêem o que escrevo. Se lêem, lêem vocês com meu caleidoscópio emprestado. Fato que me faz crer ser no sempre amador. Volto porque em março o chão tremeu na inquietação da água de dentro desperta pra fora pela lua perto e gigante. Subiram a maré e o magma. Até o atrito fatal da fenda. E no último dia da expansão da matéria nossa última conversa. Um lindo dia para morrer. elegante. Nossa conversa continua a boiar como uma vitória-régia sem ainda flor passeia pelo turvo espelho da água e barro. Nunca exaltei tanto a parca conexão virtual que tenho. Poupou a prisão da última lembrança do teu corpo em um quadrado. E boiava a vitória, régia... Insistentemente tua câmera não queria ver-te visto pra mim. Como ando pensando nas traições desse exercício - transe do eu-mim descoberto em outras multidões que são a areia soprada onde seus olhos se e te restringem. Perguntei de um livro cuja re(trans)visão me foi dada no aniversário 15. E faltava pouco para tê-lo de novo. Cheirá-lo em primeiríssima mão, como bem me falou o velho ZaraZuza. Depois de eu morrer tudo se transmutou urgente. Mas agora depois da sua virei um entregador de cartas sempre atrasado. O canto direita da minha boca se acha liberto rindo de ausências. Seus ossos agora são também minha genealogia fóssil. Meu olho fechado agora tem mais sim que não. Eu que sempre ouvi a morte caminhar ouvi a sua de pantufas. Penso ter conhecido o mais interessante devastador de florestas. Não pesa na memória ninguém que tenha morrido e dado sopro de ânima brotado o palhaço do prório brilho em rizoma compartilhado: a não ser você. A não ser teu tu-vós vizir do meu plural. Lupi e nossa contradição melancólica. Sua máquina está aqui sem fita e nunca mais há de escrever! E se para mim o seu personagem for ruim? E esse “e se” é tua imortalidade... A pergunta última que você não respondeu era sobre a Clarice. Tem uma música que toca em minha cabeça e me faz dançar. intuo o ritmo dos acasos da vida e a pausa fim do teu corpo que me faz pensar agora na força do instante. Do não-dito que aprende a andar como emergencial verdade. Meu silêncio acusa sua morte de atemporal. Ocorre agora o diálogo festa do quase agora: - vamos,vamos... que já é tarde. amanhã é dia de branco!
Que amanhã pra mim é sempre dia de preto.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Do homem dona em Davis

se foge
e eu encontro
nenhuma chance
parca luneta
quando vir
o sol desaceso
é preciso
a luz intuída
da ausência

de tentar ferir os outros
com a displicência
do teu feminil
compreenda, arqui(ou geneo) inimigo amistoso
porque de grupo o mesmo
e do quanto vale beijar minha viúva irmã :

que o falo nada vale
se mal resolvido estiveres
com tuas duas cavidades
a que beija o belo
e a que excreta o que abunda marrom
nas formas todas amorais verás
a boca beijante a multiplicidade
e o de fora excretante
pedindo
massagem
com dedo
ou falo
implora
se é ali
onde tudo começa
mesmo se não é sabido
o
aceito.

caso queiras de fundo
cultivar
um câncer
os leões respeitam
mas antes disso
antes que te arrependas do não-plural
em dobro o prazer
recomendamos
o urro
para acostumar branda
a língua
entre o falo duro
e o que guarda e jorra vida
do zinco
seminal
que te lamba
ou lambas
a moral
para o que espirra
novo
na intereza
de cinco centímetros
para o dentro nunca explorado:
espeleologia sexual
é a estalactite
que há de te atravessar
e mostrar no escuro mascarado
o perdido do experimento da vida
quando se fecha o esfíncter
que é o fio conectante da terra

ousa.
e geme
forte
como um lobo uiva
no desmístificado de só poder uivar as mulheres.

uive, ressentido Homem, uive!
até o último dos homens
superior
niilista que seja
uive
como quem chama a terrra
para tremer junto
( a saber do viver sexo-poético)
o (res)sentir transmuta num caranguejo-câncer
vomitado pra dentro
e sei...

para nenhum expurgo é bem quisto
isto...

He wears high trimmed paints
stripes are really yellow
but when we start to blow us
and then for only us
we´re so fine and mellow...

Homens nas décadas devir
hão de ser no amorfo amoral!
e um short curto de Cristiano
há de ser a vanguarda rosa
brotada do singular
a morte oitentista da rainha e Fred
mercúrio para medir a febre
do que viria depois
o cheiro da morte
aterradora
crença no salve de um coquetel
nada do sexo on the beach
tão por mim querido
quando todos emudeciam e criavam
trabalhos culposos para a promiscuidade
apagou o neon do 54
e morreram os curtos pavios
pelo desconhecido afirmado como descoberta e verdade
por suspeitos laboratórios
e vis experiências da ética falida da ciência comprada
para vender...

no meio disso tudo
cantava com voz nasal e pele
quase preta quase branca
algo que só convenceria
os de coração fraco
a continuarem a caminhada
num moon walk restrito ao disforme céu
só visto por crianças esquecidas de si
e tarados Peter pan-sexuais...

sem saber
a dança existida
da Medusa sedutora saída de marítimas
cabeças afugentadas para o escudo de Atenas
vinha ela...
de descolorido cabelo e pulseiras a falar
que o mundo dominaria e com parte dele
fez
portando a sombra
sê-la do irregular que fosse
e o espaço do dente onde sobra a fome:
chegava sem tapete enrolado
a Cleópatra pós-moderna.

para os que acreditam na cultura do tempo...
para a despretensão do querer dominar
chegava
a rainha do clichê inventivo
depois da morte de tantos Freddies, mercúrios e febres
a dizer
o contrário do sexo livre setentista
da pseudo escolha cabeluda
sementes de íris brilhantes
foram os olhos de Davis
o sexo escolha dominatriz
livre
não pela metafísica coiote transcedental
dos jovens filhos da golden age americana
mas pelo joio
e o trigo
bem quistos
na hora que se quer
gozar
ou fazer morrer.

chegou de mala a Cleópatra
rindo velho como um brinquedo usado
e seios dourados pontiagudos
dente de falso ouro
a chupar o punho
de um fantoche imbuído num boxe de mexer
reavivante a libido
com francesa música..

toalha na cabeça
saída do banho
livre para chupar garrafas
didaticamente aos fracos
que nem o dedo do próprio pé
chupam.

ela dança o sexo
e ensina.

na imbatível performance
história para si criada
face a poeira baixada do vírus
chega
enrolada num tapete comprado
por ela mesma a mulher de nome
profanamente santo
que ia picar a terra
e fazer nascer
em mim e noutros indomáveis leões
a chance
a escolha
a vontade de potência
que quer os corpos
um laboratório acasual
seja fálico
ou de tenras quentes cavidades.

Homens, nas décadas devir
hemos de ser no amorfo amoral
e um short curto do Cristiano!
Quando apesar da crueldade
we´re still so fine and mellow...
Abrace a tua mulher, Homem!
que quando você refletido
num olho de Davis assim forte
se apaixonarás por ti mesmo
desgustarás o amor sive natura
até dormir com a solidão
sem a pergunta
quando desperto
de onde estarás
tu.

no quarto
depois do sexo instinto
por seres tudo junto gozoso
no prazer :
delicado homem
e forte mulher...

Mary goes
fucking round
and round.
With a little surprise
between her charming legs.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Lupi

A morte do teu corpo
fez brotar em mim um palhaço pequenino
tão recém aparecido num mundo
que para ele nem mundo ainda é
só a natureza conhece
nem os olhos abriu
mas chora
como primeiro contato com o ar doído
chora
carregado no colo sente-se o pulsar
pequenino do seu coração
como passarinho em mãos de criança
até onde dura a curiosidade
e a mão entediada solta
um grita: voe Lupi, voe !
mas já está este palhaço
atrelado a lua
pelo próprio suspensório...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Morte primeira de um outro querido

dentro parecia
se mover a morte
como um boi pequeno transita
pelas vísceras da cobra
depois de engolido em boca grande:
a morte já se mexia.
intuída num choro sem razão aparente
com o seu suspensório entre o nosso leve abraço :
descia
indigesta
ácida
até
o
fim
do gordo corpo.

eu que mato Deus todos os dias
não sei onde você está
mas sabe onde estou?
na Copacabana que você tanto gostava
mas aquela, avô, também já morreu
e parece que hoje vocês têm a mais fatal coisa em comum.

faltei sua última grande festa
seria um estrangeiro naquela terra preta
onde ninguém celebraria
ficando mais perto da comédia
a cada aperto da desgraça
conteria eu uma gargalhada?
olhariam lancinante
na dança entre túmulos e flores
o tango que você tanto gostava...

seu charuto, seu cachimbo, jazz, whisky e suspensório
seus caros gostos
quando já não podia pagar
foram os cifrões com as árvores queimadas
naquela Mato Grosso de terras suas grandes
do ceifado verde onde se esculpiam cadeiras, mesas e tronos
poderia eu receber maior herança
do que esses amigos-livros deixados ?
do que essa máquina de escrever que datilografa meus olhos todos os dias?
do que seu jazz letárgico condutor de leões?
seu livro de luz ainda não vista?
seu Zeca Malandro de Santa Teresa?
já sentia a solidão como estrela do quase manhã e deserto
agora é mais.
eu nascido de própria placenta
catarei a pá da morte quando bem quiser
e profundamente acredito
que a gente só morre quando quer

resta respeitar a sua decisão de partir
e só.
resta ler seus escritos e conhecer outras multidões suas desconhecidas
para matar saudade daquela turma que conheci.
resta o acaso da sua morte no sono
resta o seu ronco que era um navio chegando
e partindo de outro lugar você foi
sem maiores avisos doentes
como quem some de uma festa
pelo sexo e a moça encontrada
salva é minha dor pela nossa convivência de corpos distantes
porque o cotidiano é que ressente...

Anuncio: é chegada a horda leonina!
com força maior de destruir
tanto maior é o esquecimento
e com essas sementes-páginas que eram suas
já crescem como espinheiros grandes labirintos.

carrego agora a imaginação do teu corpo no meu.
darei a essa leve dor também felicidade
a menor máscara de todas
que é o nariz do palhaço
você morreu:
nasce Lupi.

Do seu coração parado e frio
surge um andar também de suspensórios
que me fará rir de mim mesmo
antes que outros o faça.