sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O morto e a natureza

       zigoto de girino

mórula do pântano

fantasma pequeno e verde

as algas dançarinas de corrente

suicidas foliãs

não morrem

antes do nada

                                                                      longevo.

 

 

A natureza é sempre a última a nos abandonar

e alguns pensamentos viram cometa

nave mítica a historiografia

comandada a conquista do vácuo

a esmo

escafandros amanhecem em dourado

deito

espuma cintilante e

                                 metal

faísca fátua

            sarça parida na água

            gotejando fogo

            chama submersa

            gargalhada mortal da terra

brota

o vermelho da água

destino nos astros

desenhado de luz

o mapa das estrelas

rumo escrito e brilhante

quando nos olhos

aparece o já visto

                             agora morto.

 

 Já pisei na tua terra, vulcão!

WANDERLUST! WANDERLUST!

joguei minhas roupas e corpo

por tuas costas empoeiradas

desterrei o sedentário pesadume

âncora do niilismo

espanco de acaso

grande fênix da dúvida

WANDERLUST! WANDERLUST!

correm com asas

beija-flores

e doces agulhas.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

XXU


saci da renascença
            perneta
cuspidor de fogo e cabeça
às mulas
nem égua, nem asna
desnomeada  acéfala !
ser de labareda e clarão!
 poente do SOL des-falecido
deitando os raios escuros
na cortina vaporosa da lua
tragadora de àgua
imã de molhado
alvo de gotas pequenas
maestra das marés
antena manjedoura de reflexos e dragões
                          sem anjo
desmanca da trombeta o apocalipse vilão   
                       rolo compressor
                   vida acanhada na pílula
          atáxico anti-beira                 :
                                                                           o farol.
 mal sabido de estrelas
aviso do solo revolto
contei as pedras portuguesas
em números primos
em nomes avulsos
lousa dos entes idos
nas operações, no choque, nas orgias
canta o pássaro de nuvem, lata e odor
morre o Rio
e nasce a fenda seca tenebrosa
túnel  esfomeado de magma
cospe na cara o ouro que roubou
o axioma do filme proibido
a ração dos cães
o barro duro que gira no vácuo
planeta  choroso esta Terra mais triste
a cada chicote e pau e martírio
arsênio  afálico de mundo
vulva delta de monstros
lua negra despida
que deita
com Cristo
sem poesia.