quarta-feira, 28 de novembro de 2012

XX

passei a lingua nos minutos
e perdi
lua cheíssima. uma pequena estrela.

fazendo companhia
nada mexe. nada pia.
e não há mar,  se houvesse...
ah, se houvesse...
aquele você de novo para agora eu
outro
bicho-homem com bicho-homem
gauche-selvagem!
viajante sulista!
saudade da mentira que criei
lancinante falta dessa esperança forjada em ferro preto e marisco
teu casco
tua vela
aquele lugar-nenhum dos nossos dias de chuva e glória
agora cadê? cadê aqueles deuses de mãos estendidas
e o cheiro de incenso
na tua amarga carne magra
exalando despudor e febre
espelho fosco esse teu binóculo, Narciso pobre!
essa cara de fome que não te larga!
encha meu copo
com essa tua lucidez infame
só me ajuda, gauche, a levantar essa âncora e partir.
com ou sem você.
mas partir.
ouço a luz dos continentes!
na renúncia de ser o teu senhor
algum caco refletiu o pouco brilho dos enganos!
quando o pior de mim virou a eterna justificativo do teu melhor!
mas já faz tanto tempo
que receio o caráter vão
disso que nada  tem de tua lembraça
puta-cigana !
dançarina de salto
bicho-homem com bicho-homem!
ouço a luz dos continentes!
a rua dos inválidos continua alagando em novembro
a richuelo também, antigo  amor
mas já não há pernas suficiente
não há poças
nem Oxalá
nem cortejo na madrugada
insuportável antigo-amor
pule do alto de mim e se espatife fantasiado
triste bufão atordoado de cinismo e recalque
já não suportarias eu-farol!
mas teu barco
ah, teu barco
aporta no meu sonho e treva.

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