quinta-feira, 24 de março de 2011

treme o trem

treme o trem
visto do cinza
do entre-janelas
o ritual maquínico
da passagem
ficamos ainda nós
esperando em festa
quando chegariam outros mil

na sala quedavam
os mudos corpos sem intimidade

abóbora vinha
do entorno do espelho
esquadrinhado o que podia ser duplo
sem ferido ser o halo
da bruta vontade
uno-originário
que dói e reluz
como enxames de epiléticos vagulumes
tremem escuro para ofuscar a melancolia
e somem de pequendo instante
as estrelas pequenas
porque lua cheia

quedavam agora
entre as janelas
cinzas
seis olhos
sendo às vezes
oito
quando envoltos
dois
nos abóboras da moldura
daquele grande caco que nos imita
em pobres e pequenos banheiros

e não havia
entre os três
às vezes mil
um só
vagalume

atrás
de quando em quando
tremia os trilhos o trem
lembrando outros mil
de nós
o apito e a surdez
do que de anunciação se cria do ritmo
quando se passa tremendo
por pequeninas madeiras sucessivas
que percorridas à exaustão
entoam no estalar
a música trépida dos obstáculos
virados para muitos
passagem

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