quinta-feira, 24 de março de 2011

azul de gana

aprendeu o deselo da despedida
puderam ser vistos os olhos
fitando a gana do acúmulo
que força a memória
a contrair tudo
para caber no vazio
que

encaixa
depois do esquecimento

o de-dentro da cabeça
ninguém viu
os olhos fitavam a gana
do acúmulo
pó juntado antes da pá
varreu ele
varria a chuva
retirei eu a escada
e a vizinha já poderia retornar
quando quisesse
ao seu ofício de descabelar o lustre
de suas teias

se isso de novo
um dia ainda quisesse
não haveria mais olho azul
e dos mesmos olhos
que fitavam o saber do esquecimento
o último gesto:
cataram do chão o longe lugar
onde em forma de garrafa
a água morava

muitos pequenos seres olharam
mas só um par de olho amigo viu
depois de sentir pela inédita vez
o que de ar se cheirava em uma parreira
sem
uvas

um outro bicho saído
azulante
dava as costas

o olhar a ânima fitava
a gana das novas saídas
e disso só pode falar
o poeta que viu
porque nem ele sabe
o que depois de aberto daquele portão partiu

por cada degrau era mais perto
a raridade de sua vivência
carregava na mochila diamantes
e com sua naturalidade faria
qualquer um pensar
que eram apenas
um par de botôes
sabia em si
que se eles perdesse
teria seus olhos seguros

os dois desciam a escada molhada
avisou em imagem o gesto
que pelo impessoal amor do mundo
colocava
pelo apreço ao aviso do outro
ereta escada seca
do outro lado do muro

pela última descida
pragueja os pactos senhorios :
os olhos fitavam
a gana de esvaziar
todo corrido
cotidiano
engolido

partia dali
o começo do outono
mais azul
porque moreno

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