sábado, 12 de março de 2011

12 ou n - Do quase n e suas esquinas

não fez sol
nesse carnaval

Apesar de flertar com sepertinas, no meu carnaval toca um jazz arrastado. Invisível leitor, te escrevo sem naturalidade. Meu carro pegou fogo e da minha fantasia sintética só sobrou algo que grudou na minha pele como um mel plasmado quente. Dormi de cartola. Paro. Quero escrever de cartola. É o tempo de pôr. E se pôs. Não fez sol esse carnaval. Escrevo aqui como um cantor de acústicos banheiros. E se pular alguma exclamação não é grito. Por aqui nada lembra carnaval não fosse uma borboleta preta e amarela. Escrevo de um quadrado azulejo e daqui posso intuir o que evapora da marcha do bloco. Tenho a minha disposição alguns amigos fora da lei. Meu silêncio vai cheirar o lança perfume e rodar a mudez. Estou no longe agachado como se houvessem linhas tênues e finas de energia entre o fundo vermelho da terra e meus os ouvidos. Agacho: escuto o que há de trepidação. Do alhures escuto no chão a marcha de todos os pés. Me alegro mais. Que ser eu um confeite de papel reciclado não seria melhor que isto. Este ano fui passar o carnatal em Vênus. Soube aprender quando não estão falando comigo. Falam de si. E por olhar-nos de olhos fundos para se concentrar olhando no espelho o desejo do desejado morto: nasce nosso convencimento de sermos parte da conversa. Quase nunca somos parte da conversa. Somos orelhões de ficha e rendidos. Logo alimentamos um até dedos gordinhos e a comprovação da bruxa de que aquilo já é algo que se come. Ela mesma comeu as migalhinhas que eram a esperança da volta dos perdidos! Escrevo aqui pensando no quando terei que uivar em palavras para ser entendido. Essa sucessão de algarismos combinatórios não cabe. A linguística é quiçá quase a ciência pretendida gestual mais imbricante no mistério. E de tentar explicar o instinto criou uma paleta de supostas caixinhas de sentimento. As palavras são morais se tentam a identidade que liga o seu gestual instintivo – na maioria da vezes acabam em vocalizações- a um avatar de si que é o pensar o outro. Faço por honestidade o enfadonho. Toca lá fora a buzina do pão em plena segunda feira de mornas brasas.

pelo aquilo irremediável que é o tempo
basta
por esta vida basta
falar
da
tua
partida

porque nada partiu
do substancial do ti
nada havia
você era uma rainha
lá só
por representar
a união dos que são:
o
reino.

ficam para o além
de fora do cordão
os loucos, os amorais e os estupidamente sinceros
a dita estupidez
revela o inessumido sempre órfão:
nossos instintos
filhos feios
que não têm pai

desembaraça o abandono:
surge a mãe do nós

a doce água
a salobra água
a salgada
e a do
céu



O pensamento de uma cidade pode fazer chover sobre ela.

Quando voltei agora a fechadura estava esperrada. O mistério mecânico de atritos reconhecíveis foi com êxito experimentado. Depois, quando já tinha passado da porta (que na minha certa não era nada mais que um marco: ela por si só não dá em lugar algum) tive que escolher fechá-la com chave no risco de não conseguir abrir ou fingir fechá-la, enganando qualquer ladrão que queira entrar ou qualquer cachorro queira sair; tranquei. Pelo tatear do mistério resoluto, ter a certeza da aproximada sensibilidade que transita ótima com o que há do outro lado. Porque não há outro lado e nem caminho. Há um, vejo um, que é irremediável construtor de trilhos para os desejos de cima da mente : o mor(r)o da vaidade. O morro do eu moro. Calça o caminho do indetivél desejo quando os aromas da felicidade. Não a longa felicidade... Mas aquela que pisca no emaranhado e nos faz lembrar da teia. Da teia constructo : ente. A teia nossa que é quando são. De cartola faço coisas vulgares como ouvir Guns and Roses e me deixar ir em elétrica para um tempo antes de lamber a desgraça do pretenso amor.
Meus laços estão tão frouxos que quando preencho com o nome da cidade qualquer lacuna de permissão para entrar em qualquer site tolamente acho que me contextualizo. Marcar rio de janeiro. Fui passar o carnaval em Vênus e agora volto pela fumaça do incenso de mirra. Minha maternidade mora onde eu menos gosto. E a paternidade mesmo rica insiste em ser camelô. Nem tão alto uma placa cutuca-lhe a cabeça quando balança: “Vende-se narizes vermelhos”. O rico pai não está mais sozinho. Putas desempregadas, palhaços e pretensos palhaços ficam em fila e a esquina curta demais. Amontoados – e não mais com frio- nenhum desconforto ganha ares de importância. A esquina continuava curta demais até o vendedor anunciar o grande brinde. Hoje, e somente hoje, levariam de brinde a solidão do camelô. Pouco a pouco cada vez existiam menos cotovelos na esquina. As putas desempregadas, palhaços e pretensos palhaços não queriam nada além dos narizes vermelhos, mesmo que o além fosse de graça a graça da solidão. Acreditavam demais no d- EUs e não sabiam fazer sua a distãncia da solidão do outro. Fazer também sua a distância da solidão do outro: para os criadores: a arte artesã. Para os contempladores da dor dêem apenas os narizes vermelhos, apenas os narizes vermelhos, antes que a esquina volte a ficar curta demais.

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