quinta-feira, 24 de março de 2011

Outono

abre o portão de madeira
tomando
fôlego
vem
com o rosto pintado
de azul
e estrelas que nadam
no seco do preto
ele é o que beija
antes de esfriar
cobre
prata
lua
no chão de folhas
secas
o pisar estala
nas tardes
de 5:30
agora tão agora
depois de esperados doze meses
ele volta
com a calma solar
cravejada nos olhos
depois de tudo que foi evaporado no verão
trazendo o cheiro
das flores geladas que se dão devagar
vento brando que cavalga a areia do tempo
o vidro da ampulheta
onde um grão sempre conta
dança
sarra noutro grão
faísca de calcário, poeira
bem unidos
quando o de baixo não suportar mais o peso dos outros
quando o que sobra cair para os lados
quando tudo tiver que virar de ponta cabeça
ele volta
vestido
de azul
    e
Vênus.

dizem as folhas secas
que antes de tudo ser cinza
só o outono
faz
cair
e azulando o olho do mundo
beija seco a terra
antes de gelar
treme
chora o verde 
seco sucumbe
conformado
aos  gentis afagos de ventania.

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