3-
pedra grande esta que me vê
mentira!
perto dela nada sou
eu que rolo ela
só dorme
o sono dos justos porque só
são.
chove fino envolta do bambuzal
uma moça de olhos verdes
na roda, pede aprovação
e me parece que essa tal
de arterapia funciona
mesmo sem arte
chamariz bebeu da fonte
medroso, engasgou
viu os loucos, os decrépitos
com os carcomidos almoçou
desceu
no que sobrou de vivo
desconcertado
espirrou entre as migalhas
tudo no
chão
tudo com
fome
à beira da trilha
insaciavelmente marginal
a psicóloga desarramou seus sapatos
negou a ajuda de um viciado com olheiras
eu vi. ele não: ela
talvez.
O
TEMPO NÃO VOLVE
O
TEMPO NÃO VOLVE
O TEMPO NÃO VOLVE
Já
dei todo meu falso dadá
meu torpe dadá
uma criança tenta olhar o que escrevo
e hoje não quero crianças apesar de amá-las
nem pó, em que pese e levite o gozo
pela minha loucura centrada troco
de epifania, casa do amor-dádiva
por moedas, por bananas, pelas teias
O
TEMPO NÃO VOLVE
O
TEMPO NÃO VOLVE
TODO MEU DADÁ, DAR-TE-EI FINGINDO
HEY, DADÁ
MAS O TEMPO NÃO VOLVE
NEM PRA VOCÊ, DADÁ!
QUE JÁ É TUDO E NINGUÉM
FEITO UM BUDA DE PRATA DERRETIDA
POÇA DE LUZ GRAFITE
ARREBATO DE GRAVIDADE E METAL, HEY DADÁ!
SOIS BUDA, PUTA E MENSAGEIRO DO CAOS
SURUBA
QUÂNTICA DE ELÉTRONS
PRENÚNCIO
DA FORMA
LUMINOSO, ETERNO, BELO E SUJA
RECÉM-NASCIDA LÓTUS INFAME!
falam da ceia de natal
uma ceia no hospício
um lual sem praia
estrela do mar
rosa
calcificada:
um
beijo
e dois
desertos
iluminar de fogo um jardim de cactos
engasgar de chuva a boca
seca
-torpe imagem-
ELE TEM MEDO DE MORRER ELETROCUTADO!
CHUM!
virou alma
doida carne derretida
pulando amarelinha nas nuvens
arrancando barba de santo
esperando trovejar na cara de um espírito qualquer
REENCARNA, DADÁ!
REENCARNA!
porque todo cemitério na noite tarde
é um baile de sombras sem gala
LEVANTA E ANDA, DADÁ!
LEVANTA!
a linguagem te trai!
o código escrito tua
amante desonesta
sonhe mudo, dadá
pré-pense o gesto no corpo de luz
um aceno desembaraçado da carne
que pule como um orgasmo sofrido e duradouro
porque parido das estrelas distante e perto!
UIVE TEU GOZO, DADÁ!
ninguém lembrará de ti
só os vulcões reconhecerão teu nome
e uns poucos humanos feitos de fogo
lógica insana tuas
pegadas vivas
pingando ardência pelo caminho escuro
ainda nosso melhor antídoto
alho e estaca cravada
na normalidade que insiste
a matança dos sonhos despertos.
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