quinta-feira, 23 de abril de 2015

Poemas de contenção ou A descura insana –2


2-
Pessoas levantam halteres de pedras
e minha fada no halo
                         nada fala:
                                         deita o sol
todos muito bem medicados
jogam futebol
              eu
                  sozinho chuto
                                                            minhas palavras
              boca adentro

não sei que dia hoje a lua é
         e nem se a cocaína
         roubou de vez  o poema que nunca
é
nem será
meu
caleidoscópio de pano
essa colcha de retalhos
e letras:

ESCREVO:
MAS NÃO HÁ COMO ESCREVER
                   ARARAS
           SE SÃO POMBOS
ME ESTRISTEÇO
ESTOU PRESO
fora de qualquer metáfora
ESTOU PRESO!
salte de mim um homem melhor
salte de mim um equilibrista, um marceneiro
dêem de paulada com uma escada!
me surraram na ponte
e não atravessei
era escuro
tão escuro
os vagalumes fugiram e as cigarras 
comendo
suas próprias asas
emudeceram
ESTOU PRESO
é físico e fora de qualquer metáfora
ESTOU PRESO!
ISSO TRANCADO DENTRO
PULOU NO TILINTAR DOS CADEADOS
NA TRANCA, EMPAPUÇADO DE ABRAÇO
PEDRA, MEL VERMELHO!
DOCE SANGUE ESTANCADO ENTRE PAREDES E VEIAS!
lembro ter sido um feto.
um tigre de Hilda, uma lança
um louco ferido
 que em vez de acenar com o lenço
se enforcou
VIOLADOR DE UNIVERSO! FUGITIVO!
ASSINANDO CONVENÇÕES
SUJANDO O NOME
BARRO SINTÉTICO
COM FLORES BRANCAS E MENTIRA!
zunem baixo abelhas com penas
MONSTRAS QUE SÃO
fazem casa e mel
na parede dos abismos
me trancam às 8, me soltam 6 e meia
                        e no meio disso
                                 livre
                               sonho
acordo no verde-pálido
              hospitalar
                              a tatuagem aparece entre meus pêlos
                                       mais anedota que desenho
                                            como posso carregar
                                                  LIBERDADE
                                              num lugar desses?

um velho alcólatra caça pitangas
            já não reclamo: há àrvores
mas um bosque em contenção
           inda é um presídio, né, meu deus?
amarrado clamo
          uma chuva de tesouras
Aqui, os loucos caminham de forma retangular
           e dentro disso tudo
                 uns gritam gol

                        eu grito ai.

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