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Pessoas levantam halteres de pedras
e minha fada no halo
nada fala:
deita
o sol
todos muito bem medicados
jogam futebol
eu
sozinho chuto
minhas palavras
boca
adentro
não sei que dia hoje a lua é
e nem se a
cocaína
roubou de
vez o poema que nunca
é
nem será
meu
caleidoscópio de pano
essa colcha de retalhos
e letras:
ESCREVO:
MAS NÃO HÁ COMO ESCREVER
ARARAS
SE SÃO POMBOS
ME ESTRISTEÇO
ESTOU PRESO
fora de qualquer metáfora
ESTOU PRESO!
salte de mim um homem melhor
salte de mim um equilibrista, um marceneiro
dêem de paulada com uma escada!
me surraram na ponte
e não atravessei
era escuro
tão escuro
os vagalumes fugiram e as cigarras
comendo
suas próprias asas
emudeceram
ESTOU PRESO
é físico e fora de qualquer metáfora
ESTOU PRESO!
ISSO TRANCADO DENTRO
PULOU NO TILINTAR DOS CADEADOS
NA TRANCA, EMPAPUÇADO DE ABRAÇO
PEDRA, MEL VERMELHO!
DOCE SANGUE ESTANCADO ENTRE PAREDES E VEIAS!
lembro ter sido um feto.
um tigre de Hilda, uma lança
um louco ferido
que em vez de acenar
com o lenço
se enforcou
VIOLADOR DE UNIVERSO! FUGITIVO!
ASSINANDO CONVENÇÕES
SUJANDO O NOME
BARRO SINTÉTICO
COM FLORES BRANCAS E MENTIRA!
zunem baixo abelhas com penas
MONSTRAS QUE SÃO
fazem casa e mel
na parede dos abismos
me trancam às 8, me soltam 6 e meia
e no meio disso
livre
sonho
acordo no verde-pálido
hospitalar
a tatuagem aparece entre meus pêlos
mais
anedota que desenho
como
posso carregar
LIBERDADE
num lugar desses?
um velho alcólatra caça pitangas
já não
reclamo: há àrvores
mas um bosque em contenção
inda é
um presídio, né, meu deus?
amarrado clamo
uma chuva de
tesouras
Aqui, os loucos caminham de forma retangular
e dentro
disso tudo
uns gritam gol
eu grito ai.
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