domingo, 30 de outubro de 2011

Casa de cobra


Até você velho Zuza
iria no meu palpite bobo
soltar um oooh! grave
de dentro do seu suspensório
e não. nem eu. nem tua torta musa
acredita que coisas como a morte passam.
transam com o senso comum.
acreditam que passa
porque nossa dor incomoda
quem já é lanhado pelo ressentimento
de ser o seu eu mais mal quisto.
consolam.
mas não para estancar nosso jorro de dor.
consolam.
porque suportar o grito
dos outros
já é atear
fogo anti-alteridade nos tímpanos.
e vendo a gente chorar e rir
pedindo a receita pra isso
sem darmos porque simplesmente inexiste método pra sofrer
ficam bravos consigo
estendem lenços
como os antigos na roça cobriam poças
para donzelas dotadas quaisquer.
cobertos estão pelo que não suportam.
o dito “isso passa” para os que se amansam na apatia
por não terem conhecido
algo de luminoso como teu tu.

não. não passa.
vira folha caída. vira casa de cobra.
vira húmus. sedimentamos.
vira petróleo.
mas não passa.
uma única faísca
e incendeia um rio embaixo de nós.






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