se pensas que no paulino fuder é são
talvez
a são salvador pense
que não
que não há amor
que caetano é um viado inexplorado
apesar de gemer alto e fingir gozar
e que não
não preciso cismar meus "ques", meus "es" e meus "nãos"
pelo simples fato de poder
ser o medíocre escrivinhador que quiser
porque no entre, no meio, no médio
intermezzo dos cochichos e o pensar
é potente o exagero do falho
fálico
mal entendido
nas geometrias psquistas
se acham que o problema é tê-lo existente
quando o que pica é a falta
sublinguando o fato de tudo isso ser gibi roceiro
de um machista tão anal quanto um consolo
é analítico com suas pregas.
tão raso.
tão fundo.
prostaticamente, analiticamente, fundo.
goza-se
e se esquece o método.
não.
não existe amor criolo em sp
pessoas chatas sujas de um furreca molho pomodoro.
odara era quando ilegal.
penso. não há amor.
mas há um criolo gostoso em sp.
domingo, 30 de outubro de 2011
Rainha de isopor
dessa vez
sem Cândido.
Valéria valia um vale tudo
surrada d’areia
e vento
e gelo
d’agua
ficcioanalizava sem intento narrador
naquele dia
a colega e fria Ipanema
o olhar jogado com os transa-untes
fazia pelos sis valer o jogo
que tinha a alma boa (nojo!)
e digna
que eles não são.
nada.
pedra vira areia espancada de água
sem o mínimo de nós.
Valéria valia tudo
hoje.
os fogos de quando arrebentou sua mãe há 47 anos atrás
doloridos choros
centelha nascida
para Váleria valer no além-nós
oferta-se palavras
como numa feira de frutas só maduras e podres
pelo simples motivo de abraçá-la de graça.
Valéria valeu tudo
nos tempinhos de carência bêbada
festejando cheia de dentes
o nada simples da São
Salvador.
Valia tudo.
com todos os antitéticos clichês
não abortados
eu escrevia.
ela via. imanente. ria largo.
desenhava uma áurea sua inventada
só para abraçá-la de graça.
ou prendia ela em grafos-âmbar
ou perdia seu sorriso para sempre.
assim eu fiz.
assado você lê.
e já há mais uma hóspede no falso eterno.
salvador inútil
aqui sentado
sobe a criança
uma tortuosa árvore.
nada há de fleuma nisso.
passa uma gorda cult
e atrás uma legíão de óculos de acrílico.
nada há de íntimo mistério nisso.
só caio eu caiando um caeiro mal lido.
e ainda pior expresso
em algo que será nunca só meu e eu.
ela ventania só sopra.
exageramos eu
e a poesia
braba.
magia braba.
Lá.
alhures perto
uma bastarda irmã dá cordas a Salomão:
It protects
;
It heals.
e prossegue toda a algaravia pelo rededor da praça
sem ninguém desconfiar que estamos lá
a não ser um punhado de grelo-gente
que incomodamos por nossa falta de isqueiro e sobra de chamas.
escrevo eu bobo porcamente poeta
pelo exercício motor da humanofobia
sem brilho palavrar algum.
acontece.
acontece.
Casa de cobra
Até você velho Zuza
iria no meu palpite bobo
soltar um oooh! grave
de dentro do seu suspensório
e não. nem eu. nem tua torta musa
acredita que coisas como a morte passam.
transam com o senso comum.
acreditam que passa
porque nossa dor incomoda
quem já é lanhado pelo ressentimento
de ser o seu eu mais mal quisto.
consolam.
mas não para estancar nosso jorro de dor.
consolam.
porque suportar o grito
dos outros
já é atear
fogo anti-alteridade nos tímpanos.
e vendo a gente chorar e rir
pedindo a receita pra isso
sem darmos porque simplesmente inexiste método pra sofrer
ficam bravos consigo
estendem lenços
como os antigos na roça cobriam poças
para donzelas dotadas quaisquer.
cobertos estão pelo que não suportam.
o dito “isso passa” para os que se amansam na apatia
por não terem conhecido
algo de luminoso como teu tu.
não. não passa.
vira folha caída. vira casa de cobra.
vira húmus. sedimentamos.
vira petróleo.
mas não passa.
uma única faísca
e incendeia um rio embaixo de nós.
uma única faísca
e incendeia um rio embaixo de nós.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
De pernas abertas
disse?
:
cissiparidade.
tec!tec!tec! tec!tec!
scissors
ssiparidade
scissors
paridade
scissors
ridade
scissors
idade.
cisão?
quem disse?
scissors.
incisão?
pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-picapica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-picapica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica
venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta--venta-sopra
disse.
quem disse?:
cissiparidade.
tec!tec!tec! tec!tec!
scissors
ssiparidade
scissors
paridade
scissors
ridade
scissors
idade.
cisão?
quem disse?
scissors.
incisão?
pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-picapica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-picapica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica-pica
venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta-venta--venta-sopra
venta :
esquizoglue.ESQUIZOTU.ESQUIZOEU.esquizonós :
esquizoblue.ESQUIZOELE.ESQUIZOELA.esquizovós:
esquizotrue?
scissors.
tec!tec!tec!tec!tec!
esquizoblue.ESQUIZOELE.ESQUIZOELA.esquizovós:
esquizotrue?
scissors.
tec!tec!tec!tec!tec!
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Lumen
Fazia tempo não acordava com tamanho vazio ao redor. E
dentro um vento denso e quente de novembro. Queria uma chuva de sol. Seu bom
dia deslocado era um canto vespertino. Chegara tarde na festa, mas cheia de
vida e mornamente humana, aproveitou para dançar sozinha no salão.
A casa era um grande salão de uma festa atrasada. E silenciosamente podia ouvir
a chama do fogão que esquentava água para um café de uma só xícara. Uma só
xícara, uma só asa de xícara, pensou. Uma só asa de xícara era pouco para voar,
tal peso era. Então tomou café duas vezes. E cantou mais alto. Um vento vagabundo lambia sua cara feito um cachorro festivo. Por uma fração de instante lembrou-se dos banhos de barril e seu suor sujo de escola. Por aqueles dias rareavam os
motivos para uma tenra felicidade. Tinha as costas de quem foi dinamitada por
uma tragédia. E não tentava se consolar com promessas metafísicas. Soletrava t-r-a-g-e-d-i-a e não colocado-por-deus-só-pode-ser-para-o-bem. Uma coisa lhe
pouparia os ouvidos da boba comiseração alheia: daquela vez, pensava chiaroscuro,
alguém ousaria falar que “essas coisas acontecem”? Não. Algumas coisas não acontecem. E quando
acontecem só existiam antes nos jornais e nas novelas. “Não isso não acontece”,
pensava escuro agora. E algo de muito pequeno, uma pedrinha brilhante, rolava
da sua boca até o estômago, fazia um barulho molhado. Alguém jogara uma moeda
na sua fonte de ácido clorídrico e o acaso atendeu seu desejo. “ Não isso não
acontece”, pensava pisca-pisca. Com tímido orgulho, sentia-se perfurada de
imperfeições, tragicamente singular. E dançava pelo salão vazio. A luz entrando
pela janela, sem bater no seu corpo, sem ângulos, sem desvios, permitida, carne
adentro, de um poro até outro poro –
como ela era - diametralmente oposta. E
iluminava assim o outro canto escuro da sala. Sua alma luminária. Tragicamente
luminária. Talvez houvesse entre um ano de roubos e aquele de perdas um vão
espaço para sorrir. Ainda havia um grande motivo para gostar dessas noites que
catucam a gente vestidas de outras noites que já foram. Ela era o motivo e
sabia que para um grande motivo nunca
havia culpado. E prometeu acordar amanhã num horário mais conciliável com o mundo dos outros. Mesmo com sono iria cumprir o cabo e o rabo. Mesmo com sono
ia enfiar um rabo no dia e dá-lo aos gatos. Daquele lá onde todo leite do pires reflete os ponteiros pretos do relógio que nunca deixa a madrugada em paz. As noites fantasiadas de antes, o cheiro das coisas guardadas e nossos relógios afogados em pires rasos de um sedento ressentir. Prometeu baixo, mas prometeu: amanhã seria um ela irreconhecível. Mesmo com sono. E apagou sua alma-luminária, se espreguiçou lentamente e deitada. Já era hora de dormir. Já era hora de acordar bem longe dali.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Caleidoscópio de histórias preguiçosamente inacabadas
Há aves no céu à noite mas ninguém as vê.
Naquele dia depois do incêndio, já cansada de ter fumaça no bico e toda se coçando de cinzas, resolveu se lavar numa poça já no caminho de casa. Se molhou uma vez, se sacudiu, molhou outra vez e deu de cara com uma coruja todinha preta e cinza. Como nunca tinha tomado banho, talvez porque nunca havia se sujado tanto, não sabia o que era um reflexo, nunca tinha se olhado no espelho.
Emilia era pessoa que não comemorava aniversário.
Era uma daquelas noites grávidas de chuva. Noite tola, bem tola e gostosa. Tinha a esperança sentada em uma cadeira de praia em frente à porta de casa. Assim mesmo. Descontextualizada. Cadeira de praia longe do molhado. Por aqueles dias dormir era quase uma fatalidade. Demorava o sono e quando vinha preciso era agarrá-lo de vez antes que partisse. Afiou lentamente suas unhas, massageou suavemente suas mãos. Agarrou. E já vinham os sonhos. Divina era dessas que sonhavam cochilando. Tinha o raro prazer de ser assídua de um surrealista cinema do foco de si mesma. Mal fechava os olhos e elefantes já marchavam dentríris, ou sapos de longuíssimas pernas comiam panteras como confeitos de bolo. Nos seus cochichos internos de fato não achava motivo de garbor, apenas era. Seus sonhos apenas eram. Como ela era : inseparável deles. Mas voltando a noite tola, grávida de chuva. Na cama, inquieta, insone, às vezes parecia crer que intuía chuva como se as pequeninas cãimbras frias do seu estômago fosse o chute do raio, golpe infante na barriga do céu a parir a chuva, fraca, às vezes, também tola, que viria. E tola não porque as plantinhas e os fogos demasiado ardentes do mundo não precisassem dela para arrefecer, mas tola porque em hora daquelas, apenas um par de horas do seu duro travesseiro até sua alvorada própria, o cansaço de viver o dia conferia torpeza a qualquer tipo de coisa. Ás vezes como uma notívaga abelha planta pólen em damas da noite cavernosas, vestia luvas de borracha e começava a remexer vasos deixados a esmo no canto da varanda. Apenas um nome utilitário para o que viria depois de virado lixo ser transformado. Nada que coubesse terra jogava fora. Num canto ficavam os potes de maionese vazios já lavados. Num outro lado os de iogurte, margarina e latas de leite condensado...
É como se o mundo viesse morrer nos meus braços.
Sequei-me em palavras. e já nada pareço ter de semelhante. um vazio: uma falta de medo. é chegada a hora estanque. chegou a ré, vira e volta. Antigos invasores ameaçam, como se instalado tivesse o grão vizir da sua multiplicidade. O que alaga o Sudeste são os rios de nuvens do cheiro denso e aquoso da Amazônia. Voam rios e batem nas cordilheiras andinas para enfim, chover aqui. Nossa chuva tem jeito de sambaqui. Nossa? Quem é nós? Se mal posso ser-me todo, desfuncional para minhas próprias multidões que sou.
Naquele dia depois do incêndio, já cansada de ter fumaça no bico e toda se coçando de cinzas, resolveu se lavar numa poça já no caminho de casa. Se molhou uma vez, se sacudiu, molhou outra vez e deu de cara com uma coruja todinha preta e cinza. Como nunca tinha tomado banho, talvez porque nunca havia se sujado tanto, não sabia o que era um reflexo, nunca tinha se olhado no espelho.
Emilia era pessoa que não comemorava aniversário.
Era uma daquelas noites grávidas de chuva. Noite tola, bem tola e gostosa. Tinha a esperança sentada em uma cadeira de praia em frente à porta de casa. Assim mesmo. Descontextualizada. Cadeira de praia longe do molhado. Por aqueles dias dormir era quase uma fatalidade. Demorava o sono e quando vinha preciso era agarrá-lo de vez antes que partisse. Afiou lentamente suas unhas, massageou suavemente suas mãos. Agarrou. E já vinham os sonhos. Divina era dessas que sonhavam cochilando. Tinha o raro prazer de ser assídua de um surrealista cinema do foco de si mesma. Mal fechava os olhos e elefantes já marchavam dentríris, ou sapos de longuíssimas pernas comiam panteras como confeitos de bolo. Nos seus cochichos internos de fato não achava motivo de garbor, apenas era. Seus sonhos apenas eram. Como ela era : inseparável deles. Mas voltando a noite tola, grávida de chuva. Na cama, inquieta, insone, às vezes parecia crer que intuía chuva como se as pequeninas cãimbras frias do seu estômago fosse o chute do raio, golpe infante na barriga do céu a parir a chuva, fraca, às vezes, também tola, que viria. E tola não porque as plantinhas e os fogos demasiado ardentes do mundo não precisassem dela para arrefecer, mas tola porque em hora daquelas, apenas um par de horas do seu duro travesseiro até sua alvorada própria, o cansaço de viver o dia conferia torpeza a qualquer tipo de coisa. Ás vezes como uma notívaga abelha planta pólen em damas da noite cavernosas, vestia luvas de borracha e começava a remexer vasos deixados a esmo no canto da varanda. Apenas um nome utilitário para o que viria depois de virado lixo ser transformado. Nada que coubesse terra jogava fora. Num canto ficavam os potes de maionese vazios já lavados. Num outro lado os de iogurte, margarina e latas de leite condensado...
É como se o mundo viesse morrer nos meus braços.
Sequei-me em palavras. e já nada pareço ter de semelhante. um vazio: uma falta de medo. é chegada a hora estanque. chegou a ré, vira e volta. Antigos invasores ameaçam, como se instalado tivesse o grão vizir da sua multiplicidade. O que alaga o Sudeste são os rios de nuvens do cheiro denso e aquoso da Amazônia. Voam rios e batem nas cordilheiras andinas para enfim, chover aqui. Nossa chuva tem jeito de sambaqui. Nossa? Quem é nós? Se mal posso ser-me todo, desfuncional para minhas próprias multidões que sou.
Amora preta
Meu amor é um guarda noturno
e nunca
sol a pino chega
porque desperta sempre no tarde dos outros.
sábado, 15 de outubro de 2011
falta d'agua
saí do carro
um passo
dois passos
terceiro passo
quarto
olho
faltaria chuva pra tanto fogo
olho
tudo preto no preto
a parte de um sonho
carbonizado no chão.
contam curiosos
faíscas e línguas de trinta metros
contam jornais o caso certo
equivocando velhas propostas
sabemos nós agora
com quereres estalando ainda
quentes, retorcidos, fumegantes, indizíveis
que havia chegado
alado de fogo
o inacreditável dia mais triste do ano.
domingo, 2 de outubro de 2011
7
noite de domingo
na eutanásia homeopática
sofria vão
de grão em grão
por um funil-seringa na veia
soterrava a alma
viva
de dentro do corpo
vidro
vidro
ampulheta
por onde pingam os dias
disso que chamamos tempo
que só é o tempo
do mundo
que dura em nós
a escrita dos afetos
criança
praia
graveto
poemalavras
risque-rabisque
onda
e fim.
pior do que saber
que não existem dois de você
nem talvez um que me queira
é saber que já existia
antes
uma multidão em fila
rumo à câmaras de gás
tristes
anarco-suicidas
ciclista de roda só
circenses
falidas
ciclista de roda só
circenses
falidas
órfãs do pai
que eu nunca fui
malogrado meu sangue
de muita doença de mundo
talvez seja
parte da experiência habitual minha
o formol
os vidros
e os fetos.
o cortiço
a penitenciária
a masmorra de pedintes
chafariz
esmolas
o abrigo das marquises
o salto mortal do livre-arbítrio
que irremediavelmente
cai sempre de pé
bichano que é
enxergando longe no escuro.
malogrado meu sangue
de muita doença de mundo
talvez seja
parte da experiência habitual minha
o formol
os vidros
e os fetos.
o cortiço
a penitenciária
a masmorra de pedintes
chafariz
esmolas
o abrigo das marquises
o salto mortal do livre-arbítrio
que irremediavelmente
cai sempre de pé
bichano que é
enxergando longe no escuro.
Asfalto
bate aqui a contragosto
um coraçãozinho instintal
que por toda pisca
pisca
vida
mais parecia um abajur
de luz amarelada
empoeirado
num canto de quarto de hotel
daquelas escolhas
em beira de estrada
quando temos que parar
para dormir um pouco
ou batemos
tombamos uma árvore
sangramos outros corpos com os nossos
corpos
estilhaçados no asfalto
quente do impiedoso verão
almas
amalgamadas
feito piche e areia
por onde se faz o caminho do acaso
até o porto do que não volta mais.
sábado, 1 de outubro de 2011
Banho de poça
por qual motivo os números não podem
ser
argila
de poema?
sim.
e a química
a física
algébrica
e mais todas essas esquematizadas
ao extremo
pretensões?
E por qual motivo
se há desejos de filosofar
são precisas as paredes dos asquerentos cômodos acadêmicos
se sem moral nata já nascemos isto?
cantam corações inchados
sem solfejar veias
e tão menos ainda
cantarolam
as próprias
belamente arredondilhas
hemoglobinas
soldadas férreas que são
mas lutam
ou ajudam lutos
e isso oferenda demasiado medo.
vocacionam em tediosos gramático-poemas
as dores de um tal ser
humano
e esquecem
sobremaneira
o arcabouço da Vida
que é
o
corpo-carne-máquina
berçário todo das vontades
como os mangues são para camarões
e outros bichos do molhado.
a maioria dos poetas
escrevem sob preguiçosos pés.
escalam de salto alto dunas
e reclamam do cansaço
quando no simples tudo só é
a ignorância que transborda
quando se aprende a galopar primeiro
antes mesmo de germinar a paciência
de colecionar pegadas de pé nu
como se fincaram no imagético as bandeiras na lua.
não basta montar racha-cabeças de mil fonemo-peças.
deglutamos as peças!
caguemos combinações amorais do verbo!
transformemos caixas
-pois isso as palavras são, caixas-
em ânforas
anfíbias
as pernas longas
de um potente
corpo
frio.
mas esse chamado de nada novo tem
já contruiram o concreto
erigiram o otimismo moderno de ser nacional
futurizaram letras com barulhos de engrenagens
desconcretizaram
fragmentaram o moderno num niilismo
pós-qualquer-coisa
mas sem saber de nada disso
comida podre cheira nas escolas
áridas
e de bactérias e corrupção
in bucho
os pequeninos
do cosmo múltiplo
tudo os fazem
ignorar
e pior:
as perguntas têm a hora marcada
que é o tempo de ver
um dedo levantado.
há muito fogo nos poemas
e muito ar da parte de quem os lê
e sopram
como sopram lareiras
quem enfeita a sala de fogo e madeira
quase nunca
com tanto natural frio
assim.
o status da estética do quente
que despalida qualquer reativo discurso
com brilho de fogo de lareira.
falta nos poemas a amoral água
que surra a terra
em ondas
sem culpa.
falta o dilúvio que limpa
a vontade da preguiça
de remar
falta banharmo-nos de caneca
quando se rompem os diques prévios da tola proteção
falta coquetel de chuva sem guardachuvinhas
falta menino moço pelado em chafariz
falta beija-flor
e sobra canarinho
falta telefone sem fio de concha
nos faltam cascatas afogando cílios
falta cheirar o limo lacustre sem nojo do feio
escondido
sobram molduras e faltam os espelhos de água suja
faltam já as mangueiras no quintal e banhos livres
e verões
abundam iansãs
a girar convulsas
faltam
iemanjás de carne
falta ostra limpa
faltam mexilhões limpos
e quase já
quase
inexistem
as pérolas
mergulhadas
em honestas
pro-fundices
faltam os peixes nas vísceras das famílias
onde apodrecem bois marinados em azia clorídrica
faltam fontes esporrando leite translúcido nas pedras
e nos livros
gavetas de vaidade mofadas
sobram motivos tediosos que desgostam
as pequeninas vontades infantis
de brincar de livro
mergulhar
e canibalizar tudo que há
de mar e verde
sem serem colocadas para golfar.
ser
argila
de poema?
sim.
e a química
a física
algébrica
e mais todas essas esquematizadas
ao extremo
pretensões?
E por qual motivo
se há desejos de filosofar
são precisas as paredes dos asquerentos cômodos acadêmicos
se sem moral nata já nascemos isto?
cantam corações inchados
sem solfejar veias
e tão menos ainda
cantarolam
as próprias
belamente arredondilhas
hemoglobinas
soldadas férreas que são
mas lutam
ou ajudam lutos
e isso oferenda demasiado medo.
vocacionam em tediosos gramático-poemas
as dores de um tal ser
humano
e esquecem
sobremaneira
o arcabouço da Vida
que é
o
corpo-carne-máquina
berçário todo das vontades
como os mangues são para camarões
e outros bichos do molhado.
a maioria dos poetas
escrevem sob preguiçosos pés.
escalam de salto alto dunas
e reclamam do cansaço
quando no simples tudo só é
a ignorância que transborda
quando se aprende a galopar primeiro
antes mesmo de germinar a paciência
de colecionar pegadas de pé nu
como se fincaram no imagético as bandeiras na lua.
não basta montar racha-cabeças de mil fonemo-peças.
deglutamos as peças!
caguemos combinações amorais do verbo!
transformemos caixas
-pois isso as palavras são, caixas-
em ânforas
anfíbias
as pernas longas
de um potente
corpo
frio.
mas esse chamado de nada novo tem
já contruiram o concreto
erigiram o otimismo moderno de ser nacional
futurizaram letras com barulhos de engrenagens
desconcretizaram
fragmentaram o moderno num niilismo
pós-qualquer-coisa
mas sem saber de nada disso
comida podre cheira nas escolas
áridas
e de bactérias e corrupção
in bucho
os pequeninos
do cosmo múltiplo
tudo os fazem
ignorar
e pior:
as perguntas têm a hora marcada
que é o tempo de ver
um dedo levantado.
há muito fogo nos poemas
e muito ar da parte de quem os lê
e sopram
como sopram lareiras
quem enfeita a sala de fogo e madeira
quase nunca
com tanto natural frio
assim.
o status da estética do quente
que despalida qualquer reativo discurso
com brilho de fogo de lareira.
falta nos poemas a amoral água
que surra a terra
em ondas
sem culpa.
falta o dilúvio que limpa
a vontade da preguiça
de remar
falta banharmo-nos de caneca
quando se rompem os diques prévios da tola proteção
falta coquetel de chuva sem guardachuvinhas
falta menino moço pelado em chafariz
falta beija-flor
e sobra canarinho
falta telefone sem fio de concha
nos faltam cascatas afogando cílios
falta cheirar o limo lacustre sem nojo do feio
escondido
sobram molduras e faltam os espelhos de água suja
faltam já as mangueiras no quintal e banhos livres
e verões
abundam iansãs
a girar convulsas
faltam
iemanjás de carne
falta ostra limpa
faltam mexilhões limpos
e quase já
quase
inexistem
as pérolas
mergulhadas
em honestas
pro-fundices
faltam os peixes nas vísceras das famílias
onde apodrecem bois marinados em azia clorídrica
faltam fontes esporrando leite translúcido nas pedras
e nos livros
gavetas de vaidade mofadas
sobram motivos tediosos que desgostam
as pequeninas vontades infantis
de brincar de livro
mergulhar
e canibalizar tudo que há
de mar e verde
sem serem colocadas para golfar.
Russopiniquim
Chega devagar
em flores ainda novas
o sábado.
em flores ainda novas
o sábado.
céu azul
garrafa russopiniquim
desmamada
vodka
volatio-folia
fólica fosfórica
ela chega
ensina maisena
com leite e som
atomístico
composto-áudio
ressonante
mandado
para a centripedação
do dissoluto
lúmen-som
confissões dos presos
longinais
isolados
em nome marcado fraco
fino papel
das recomendações
conservativas
da civilidade
rabiscada na parede cinza
a normatividade cumprida
dia de sol quadrado
pós dia de sol quadrado
o hieróglifo da solidão
amarrada sentada
amordaçada
nos cantos penumbrosos
da masmorra alegre
chamada mundo.
chamada mundo.
intacto.
falsamente intacto.
eclipsado.
para os ignorantes
de cegueira quista
palpáveis
escolhas
de um domingo
nada além
de sentar-se
refastelado de família
e boa culpa.
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