quinta-feira, 14 de abril de 2011

Retorno

caverna
de onde aprece
o estalar
outoneiro
que se o verão é mais
verão às 12:30
o outono é mais outono
às 17:00
quando o azul desmaiado
se eriça com o amarelo
ido
do sol
retirante.

troca grata natura
o sol se deita
na rede
as palavras de Clarice
escuto
como o chiado ancestral do mantra
comungado pela rocha e a água
quando brota o calcário das coisas
em parto anormal
erodido
em atrito-lúmen
lito
rasteiro
resto


sangrava a lua no céu
fumaça vermelha
esco
rrida


Astro rei, de nômades elétrons!
faísca de outono
dourado
as folhas mortas
como um espelho duro
feito só
de
molduras


eu que vivo
espremido
eletrocutado
entre
a coisa
e
a
idéia
da coisa
já cheiro vento
para agradar minha parte mansa
e a raiva restante
não é mais ressentimento:

é pressa assustada.

que grita: vai!
para as estrelas
porque quer o dia
e testar seus dínamos.


um dia qualquer às 17:00
de outono estalante
há de vir
a primeira estrela cadente
a
ver
o sol
morrer
face a face
no abismo único
das explosões
ca
va
das.


sangrava a lua no céu
fumaça vermelha
escorrrrrrr
ida

multisuicida
polifonia?
o não estelar
e o sim do dia?

posto a prova se o que fazes
desejarás que o faças mais
pela eternidade?
o devir
retorno
das intensidades
pelo re-sentir
desconhecidas?





afirmado
sem antes negar
porque se
es pa lha


como dá mão à terra
uma lagoa chorada
salobra
e suas algas-almas fantasmagóricas
no cascalho
onde as máscaras
fundo
riem calcarosas
entre elas
para multi dar-se confidentes.

afirma
e não nega um ser
sequer
nem acaso mal quisto
porque não se nega
água
à sedenta vida
que quer viver o mundo
dançando
os trágicos
terremotos da vontade
leveza de uma pétala
voadora
que é a borboleta
sonho
larval
do perfume queimado
que sai da memória
uma caverna
interditada às avessas:

dentro: todos :
ninguém mais sai .
outro buraco surge
do tédio coletivo
zumbido de pensamento
fadado a criar cavernas
e esquecer o traço da volta
se não há volta
(re) volta ?
não volta a carne
não volta a forma
as forças sim
retornam
eternas
num trovão
ou num livro.
aberto
ou fechado
empoeirado :
que a poeira é o pólen das coisas vivas.

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