domingo, 17 de abril de 2011

Canto do desterro

o futuro do amor é o castigo
o sempre do amor é a Natureza
última dos abandonos
porque prévia
ao mundo
é
nascedouro
da
matéria
a fuga grita
branda é a coragem!
combativa nunca luta
afirmada a potência da vontade
não mata
mesmo morrendo
cria
a não-luta
extingue
o atrito dos corpos
pela sensualidade das forças
o encontro fusor
volta seletiva
a expulsão da culpa
acompanhada no seu caminho
à chama-sarça
pelo
arrastar
cabisbaixo
da rostidade destruída.

combate : o não atrito dos uniformes
vítima mais procurada
no cartaz dos salões
por nós
é a mediocridade
pequena é a imaginação do bicho homem
do quanto pode se tornar macaco
o civilizado antropohomem
iluministrado.


O quê a insatisfação do homem fez com o prazer?


Falo aos que sobram
que se dêem sempre
por corpos sem satisfação
porque assim parece querer
a vontade dos inventos
a propulsão contra
a cultura falida!
O fiasco do Moderno!
A aurora de nossas intrínsecas diferenças!
A falência desidratada do acúmulo
chegou aos demasiado iguais,
caros domesticados e baratos obedientes!
mística da vida
irreverência moral
a existência estética
ética do transvalor!
vocês agora contem
com calma e boa entonação
como se amarra
criança perversa
em pé de mesa...

intrínseca diferença pensada
admira já de longe
o arado destruidor dos leôes
e as pacientes crianças de sementes em punho



são nossos inseparáveis humano-rizomas.

o hábito
essa perversa entidade
deus tarado
pelas fracas e médias vontades!
engenhosidade pior.
conjunto de distrações,
enfermeira corrupta da existência
habituou concreto
o hábito diário de eutanásias cumpridas.

----------
.rotina.
.analgésica.
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A revolução é o capricho sistemático do domínio mutacional!
A revolução não é precisa.
Quantos seqüestrados acasos!
A revolução não é precisa.
como não é precisa a revolta
como não é preciso o re-sentir
como não é preciso
ou inexiste até
o retorno das formas.
Levanta um dedo de unha roída e pergunta
o que preciso então é
e morro sem saber
mas intuo
que necessário seja
criar a penas.

avariada a má consciência
pela plasticidade do esquecimento
a morte súbita da identidade
o ser corpo com tantas máscaras
quanto menos
órgãos.



desse remendo tolo do meu pouco lido
mundo
fica essa colcha de retalhos
presente barato de avós
mas também corda para fugir da torre
antes de virada forca
para desgostosos que beberam demasiado niilisimo
e tomaram gana pelo salto curto e fatal do nada.

Preciso é o espetáculo orgiástico das multidões!
Preciso é o gozo universal dos que vagam pelo tempo!
Preciso são os flaneurs de átomos!
Preciso são os que fazem de mirante os abismos sem vertigem!
a selvageria!
a crueldade !
o incêndio ritual é preciso!


Tiros no quadro negro
pela aurora do singular
talvez seja espantosamente preciso.


Revolver é preciso?
revoltar é preciso?
ressentir preciso?
retomar
retornar
preciso?
nada.




e para inventar
preciso
tudo.

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