segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Inventário da memória-estalinho


Obaluaê até então

favorito

até o portão

de qual morro?



essa minha memória-estalinho

de chão cru

marrom

junino

ceiávamos cocadas

em altas igrejas

onde podíamos rolar as escadas

sem nenhum queixo quebrar

ou rir

noite a dentro

criando personagens

para todas as nossas surpresas

terem cabeça

mão

e

murchos

de tanto banho de banheira.

.


nosso canto limpava as retinas

a aceitar a feia Guanabara

paisagem-poema


.

seu retrato pintado de mim

jaz

z na pedra

e estrelas

muitas estrelas

porquanto juntos

tínhamos braços longos

inéditas músicas

beijos em construções

subida ancestral Favela

nossos vermelhos barracos

íntimos, pulsantes

tinham vista para o mar

e à presidente Vargas

dávamos de ombros

que de alguma forma aquele rosto

molhado na caixa d’agua

em pingos

empoçou uma expressão de êxtase

que tempo algum seca.


um dia

nossos netos hão de se questionar

profundamente

como

em literais ondas

fracas

quase

a

f

o

g

a

m

os no seco

e depois de contada a história

só um de nós irá rir

porque o conto diminuído ponto

do vivido

perde demasiado

graça

e morre .


o poema chega

e já vamos.

quando a morte

fantasiada

chegar

toda

via

vacilantes

caiamos

sem quedar

sinalizemos

de longe

um na proa

um na popa

qual vento de vida

porque se esse poema já chega

assim

é que algo soprou.

e já vamos,

já vamos.


.(caiando).

um branco mangue

berço de outra coisa

para além-nós

reticentiados.


Nenhum comentário:

Postar um comentário