Obaluaê até então
favorito
até o portão
de qual morro?
essa minha memória-estalinho
de chão cru
marrom
junino
ceiávamos cocadas
em altas igrejas
onde podíamos rolar as escadas
sem nenhum queixo quebrar
ou rir
noite a dentro
criando personagens
para todas as nossas surpresas
terem cabeça
mão
e
pé
murchos
de tanto banho de banheira.
nosso canto limpava as retinas
a aceitar a feia Guanabara
paisagem-poema
.
seu retrato pintado de mim
jaz
z na pedra
e estrelas
muitas estrelas
porquanto juntos
tínhamos braços longos
inéditas músicas
beijos em construções
subida ancestral Favela
nossos vermelhos barracos
íntimos, pulsantes
tinham vista para o mar
e à presidente Vargas
dávamos de ombros
que de alguma forma aquele rosto
molhado na caixa d’agua
em pingos
empoçou uma expressão de êxtase
que tempo algum seca.
um dia
nossos netos hão de se questionar
profundamente
como
em literais ondas
fracas
quase
a
f
o
g
a
m
os no seco
e depois de contada a história
só um de nós irá rir
porque o conto diminuído ponto
do vivido
perde demasiado
graça
e morre .
o poema chega
e já vamos.
quando a morte
fantasiada
chegar
toda
via
vacilantes
caiamos
sem quedar
sinalizemos
de longe
um na proa
um na popa
qual vento de vida
porque se esse poema já chega
assim
é que algo soprou.
e já vamos,
já vamos.
.(caiando).
um branco mangue
berço de outra coisa
para além-nós
reticentiados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário