quinta-feira, 4 de agosto de 2011

decanto morto

E Cândido se perguntava
como retirar o que em pedra
já era ferida-ranhura
deu-se conta
por dez colares vendidos
e um cocar
coroa de penas
rabiscos já
esfero
gráficos
rasura
num renascido coração paleolítico
armado
por um medo de abismos que eram degraus.

de cima dessa escada
babada de saliva
escorrega meu silêncio
pra ti agora eterno
porque quem vai
vai
sem abanar mãos
sem deixar que se levem os dedos
instrumento do gestual
mão-palco de fantoches
mudo cinema de panos
e se na sua cabeça grossa
ainda alguma mora
imagem ou cheiro eufórico
meu que seja
que tudo se queime.

visto meu dedo de Alfredo
queima paradisos, cobras,
cruzo espelhos desguardando luz
se para o vidro
minha alma já é demais porosa
reflito-eu
convirjo raios
cuidadosamente em um só ponto
queimam-se os filmes
aodorados combustos
porque o subido em nuvem
orgonolépticos mofos
era o que de ti ainda havia
morto corpo pregado
decantado
do fundo do pouco
achado capaz de mim.


Agachado dentro de uma raiz
arbórea dizia Cândido sobre bruxas:
é que pra mim ela é quase um amor fatal
em vez de pedra num anel de noivado, um escorpião
pequenino cristalizado
cauda dentada :
escorpião-âmbar.

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