domingo, 24 de julho de 2011

Dos navios e ãncoras que dobram

por aqui a noite
anda agachada
para não bater
a cabeça nas estrelas
e quando distraída
aliviando joelhos
estica a espinha
toca ela
o sino
à meia-noite
a pino
a sinus
seca mucosa
variante minha
maré
dentro de por certeza também minhas
mais que o tempo:

bochechas.

levo amigos
em navios-estátua
de inércia flutuante
cinza Londres oitocentista
só minha
e dos meus
árvores de mangue-bosque
velam negrices e armas
a fuligem dos mares
eriçadas doces as sinapses
já plumbeia um tempo
cuja única garantia
é não perdê-lo

lá quem chora
são as vistas grossas
e o esgoto nos fala de algo deixado
boiar além-nós
sem saber
das descargas o trajeto
há quem não veja rio
no alívio sem titubeios da água podre
para o mar
há quem não veja
rio
com as aves do céu à noite
de todos os cantos anônimos
que ninam as morais
que só encontram ser
propósito
na invenção de robustos opostos
que justifiquem a boa vontade
do heroísmo gratuito
dos bons
dos ascetas descontentes
da vaidade identitosa
aromatizada
artificialmente

o portal criado
do lodo ancestral sabido
não-lugar da falta de arbítrio do tempo
aquela praia da Rosa
nome de pessoa
ou de flor
de rosa só tinha
a lembrança de outro suportável olor
que distraísse nossas violências
espantadas conosco

por debaixo
onde só passam
afeitos e amigos
porque lá
nessa excusa Londres estaleira
estalada
fazem pequenas casas de reto teto
num lodoso naturo-cortiço
pequenas e grandes vontades de matar

o tempo
virados os pequenos barcos
faz do espontâneo afogo
ampulhetas de água
sem remo
e areia

insistia ela
na rosa
em contar o tempo
até pô-la na cabeça
e livrar-se de qualquer ajuda

espremido o corpo
entre mim e a parede
nada foi
ao exorcismo
apesar de virados
os pescoços
vomitados barcos avolumavam o peso
a naufragar sem maiores contrastes
como algo pródigo retornado
na lama esgoto
bosque-mangue
sem deixar pistas por onde andava o tempo
as descargas e seus trajetos

tudo fede

rindo
espremido o corpo
entre mim e a parede
nada foi
ao exorcismo
apesar de virados pescoços
vomitados barcos avolumavam o peso
a naufragar sem maiores contrastes
como algo pródigo retornado
ao esgoto-lama
reino da velha Nanã
quintal de Poe
bosque-mangue
sem deixar pistas por onde andava o tempo
nas descargas dos trajetos intuídos
pelo seguir das pegadas
em denuncioso movediço
lusco-fusco
echarpe fofa
da já afônica
noite

tudo fede

rindo

ali vi mais-te
amiga
a outra
vi tonto
por mezzoentre
estátuas marinhas de ferro
vermelhos leitosos cinzas
e longes tochas da baixada
teus olhos de muletas
inocentes
quando de teus pés subtraído
esse tempo-tapete
voador
vi um tu só corpo e medo
de ser espaço
sem ponteiros
tu
em gracioso
vulnerável
rosa-porto
das âncoras maleáveis
origamis tetânicos
das partidas
à nado
das almas-leves como as tuas todas
Titãs
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário