sábado, 16 de outubro de 2010

Quem há de se afugentar?

Quem há de se afugentar com o leão?

Se leoa fosse talvez pouco me ferisse

E guardasse menos minhas atenções aos meus pequeninos

Porém hábeis espíritos do pesadume!

Dormi, acordei e de me enuvear no mundo aéreo das idéias

Sou agora eu o ideal da idéia do que nunca foi antes.

Tudo fosse mais natural

Seria sempre o maior agressor,

Mas com meus bichos refreados

Sobraram só jaulas de um zoológico barato e abandonado.

Depois daquela explosão

Voaram os tucanos

E num elefante manco surge montada a minha preguiça de sofrer.

Pelo lado esquerdo se mostra

Pintado de guerra e com asas-planos

Meu tédio triunfante , salva-mortes!

Diz ele baixo “Paremos de estar!”

E alto respondo que sejamos nós por todas as linhas.


Quando por entre as grades da jaula

O leão não mais se engana do que sempre foi chicote

Todo zoológico vira um doloroso circo

Se o que era pra ser admirado

Em sucessivos estalos

Vira agora a atração da dor.



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