quarta-feira, 17 de abril de 2013

XXII ou Quando rói a ruína

pensado morto

pensado galego-morto

imaginado preso

primeiro afã-amor imaginado preso

afeto albino

idólatra monetário

charme dos que pagam por uma alma

sem grandes desperdícios

pai dos gatos pequenos

pra quê?

pra quê a hecatombe?

filete de vulcão

feto de arrependimento explodido

em orgasmo pálido

gozo cinza

boto cinza

aláude

de som funéreo

a porta bateu

e essa chuva de gilete espirrada

estilhaço de caco

na capacidade de amar roída

rói o rato a corda roída

rói a roda rói a linha puída

rui a rua apagada dos rastejos rutílios

rumina o resto ruido

na ruína que resta

do rei roído

ri a rua que resta

ri a rua apagada que resta

rói a rua que ria apagada

no ruído

no rastejo

sem riso

rumina a esperança na porta

e rói a porta

bate a esperança na porta

e rói a porta

bate o acaso na porta

e derruba a porta

antes da esperança ruí-la

bate o passado na porta

bate sem bater e rumina

a rua apagada dos sem-postes

antes da rua rir o que o escuro imagina

rói a reta sem curva vacila

rança a rima

rança a rima

rança a rima

bate o passado na porta

rança a rima

bate sem bater e rumina

rança a rima

nas ruas apagadas de quem ria

ri a rima

rança a rima

ri a rima

rança a rima

nas ruas dos reis sem valia

ruma a rota rôta da rima

bate o passado na porta

e rança a rima

chora

chora a esperança na porta

e chora a rima

rança a esperança

chora

e brota a rima

nas ruas apagadas de quem ria

dança muda rói a dança

no silêncio alto de quem fingia

rança a rima

dança a rima

morre a rima

nasce a dança

do corpo de quem fingia

rança a rima

rima o riso

nasce a dança

morre a rima

na alma do poeta que fingia.

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