Chora um rio
de lótus branca
desce o dourado
rebelde e calmo
do outono.
Grita!
protege os olhos
da cruel realidade que são
as sempre tardes
dos que tem fome de comida e afeto.
E as ruínas de Afrodite choram!
Choram os chineses! Choram as ruralidades!
Choram os que sobram!
quando a terra mata
quando a terra abre
quando a terra come
quando a terra treme
Choram os faunos desterrados!
Choram os sacis chamuscados de fumo e inquietação!
Chora o rosto espancado do dândi descoberto!
quando a terra mata
quando a terra abre
quando a terra come
quando a terra treme.
Grita!
Ela é a filha do sonho e parente do fogo!
- e mãos sangraram
mãos sumiram
areia movediça inventada
no lodo dos cacos de montanha
na terra afogada
na genial gênese que o amorfo presenteia a antevida!
O nascido acaso retumbante que brota do gás e do podre!
O fogo secou o rio.
E a morte insiste no sorriso do velho.
A morte insiste,
Outono dourado!
Cheiro.
Abraço o mundo
sem ele sabê-lo
sem ele saber-se mundo
e nessa fagulha de momento
antes de saber-se vida criada
murmuram os életrons :
A poesia mora nas cinzas e nos raios.
Cadê as palavras?
Cadê o laço
infestado
de branco
e lótus?
Cadê o sonho acordado?
Cadê o balde
e o frio para se ter água fria
- não tinha - .
Na casa do alhures Judas engraxou as botas!
E cadê minha bota?
E cadê minha flecha?
Cadê o entorno da cama que eu durmo
que não é o vazio sustentado de palha
onde sonham os selvagens!
Desistamos de ler os outros!
Troquemos os óculos por lunetas!
Já não queira ler os outros se tens o livro da Terra.
Perversa argila essa coisa marrom que deu o homem.
Perverso o desprezo dos feios
que querem tudo transformar em caricatura
a treinar a extensão da sua torpe auto-ironia.
Desistamos de ler os outros para sonharmos o mesmo sonho.
As torneiras secaram. "
sábado, 27 de abril de 2013
quarta-feira, 17 de abril de 2013
XXII ou Quando rói a ruína
pensado morto
pensado galego-morto
imaginado preso
primeiro afã-amor imaginado preso
afeto albino
idólatra monetário
charme dos que pagam por uma alma
sem grandes desperdícios
pai dos gatos pequenos
pra quê?
pra quê a hecatombe?
filete de vulcão
feto de arrependimento explodido
em orgasmo pálido
gozo cinza
boto cinza
aláude
de som funéreo
a porta bateu
e essa chuva de gilete espirrada
estilhaço de caco
na capacidade de amar roída
rói o rato a corda roída
rói a roda rói a linha puída
rui a rua apagada dos rastejos rutílios
rumina o resto ruido
na ruína que resta
do rei roído
ri a rua que resta
ri a rua apagada que resta
rói a rua que ria apagada
no ruído
no rastejo
sem riso
rumina a esperança na porta
e rói a porta
bate a esperança na porta
e rói a porta
bate o acaso na porta
e derruba a porta
antes da esperança ruí-la
bate o passado na porta
bate sem bater e rumina
a rua apagada dos sem-postes
antes da rua rir o que o escuro imagina
rói a reta sem curva vacila
rança a rima
rança a rima
rança a rima
bate o passado na porta
rança a rima
bate sem bater e rumina
rança a rima
nas ruas apagadas de quem ria
ri a rima
rança a rima
ri a rima
rança a rima
nas ruas dos reis sem valia
ruma a rota rôta da rima
bate o passado na porta
e rança a rima
chora
chora a esperança na porta
e chora a rima
rança a esperança
chora
e brota a rima
nas ruas apagadas de quem ria
dança muda rói a dança
no silêncio alto de quem fingia
rança a rima
dança a rima
morre a rima
nasce a dança
do corpo de quem fingia
rança a rima
rima o riso
nasce a dança
morre a rima
na alma do poeta que fingia.
pensado galego-morto
imaginado preso
primeiro afã-amor imaginado preso
afeto albino
idólatra monetário
charme dos que pagam por uma alma
sem grandes desperdícios
pai dos gatos pequenos
pra quê?
pra quê a hecatombe?
filete de vulcão
feto de arrependimento explodido
em orgasmo pálido
gozo cinza
boto cinza
aláude
de som funéreo
a porta bateu
e essa chuva de gilete espirrada
estilhaço de caco
na capacidade de amar roída
rói o rato a corda roída
rói a roda rói a linha puída
rui a rua apagada dos rastejos rutílios
rumina o resto ruido
na ruína que resta
do rei roído
ri a rua que resta
ri a rua apagada que resta
rói a rua que ria apagada
no ruído
no rastejo
sem riso
rumina a esperança na porta
e rói a porta
bate a esperança na porta
e rói a porta
bate o acaso na porta
e derruba a porta
antes da esperança ruí-la
bate o passado na porta
bate sem bater e rumina
a rua apagada dos sem-postes
antes da rua rir o que o escuro imagina
rói a reta sem curva vacila
rança a rima
rança a rima
rança a rima
bate o passado na porta
rança a rima
bate sem bater e rumina
rança a rima
nas ruas apagadas de quem ria
ri a rima
rança a rima
ri a rima
rança a rima
nas ruas dos reis sem valia
ruma a rota rôta da rima
bate o passado na porta
e rança a rima
chora
chora a esperança na porta
e chora a rima
rança a esperança
chora
e brota a rima
nas ruas apagadas de quem ria
dança muda rói a dança
no silêncio alto de quem fingia
rança a rima
dança a rima
morre a rima
nasce a dança
do corpo de quem fingia
rança a rima
rima o riso
nasce a dança
morre a rima
na alma do poeta que fingia.
Assinar:
Postagens (Atom)